Em julho de 2021, a Assembleia Geral da ONU proclamou o dia 18 de junho como o Dia Internacional de Combate ao Discurso de Ódio -  (crédito: Reprodução ONU)

Em julho de 2021, a Assembleia Geral da ONU proclamou o dia 18 de junho como o Dia Internacional de Combate ao Discurso de Ódio

crédito: Reprodução ONU

No dia 18 de junho, celebra-se o Dia Internacional do Combate ao Discurso de Ódio, uma data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para combater a crescente disseminação de conteúdos discriminatórios e desinformação, especialmente online.

 

Em 2022, o Brasil registrou mais de 74 mil casos de discurso de ódio na internet, o maior número desde 2017 – de acordo com dados registrados pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, da organização SaferNet.

 

 

Minas Gerais tem observado um aumento significativo nos incidentes desse tipo, afetando principalmente escolas e comunidades vulneráveis, segundo pesquisa publicada pela Unesco. A disseminação de mensagens de ódio nas redes sociais e a proliferação de células neonazistas são preocupações crescentes no Estado.

 

 

Esforços Locais e Nacionais

Organizações como o Redes Cordiais estão na linha de frente do combate ao discurso de ódio. A ONG, em parceria com entidades públicas e privadas, já orientou mais de 300 influenciadores digitais, que juntos somam 140 milhões de seguidores, para promover práticas responsáveis nas redes sociais.

 

A organização Redes Cordiais nasceu com o intuito de construir espaços digitais mais saudáveis, com apoio do canhão de audiência de influenciadores digitais e apostando na mudança de comportamentos. “Nosso pilar hoje segue sendo esse trabalho com influenciadores, mas também trabalhamos em torno da agenda da integridade da informação, com projetos voltados para combate à desinformação em desertos de notícias, fortalecimento do jornalismo profissional e ações de promoção de saúde mental e segurança digital”, conta Gabriela de Almeida Pereira, 37 anos, jornalista e diretora de relações institucionais do Redes Cordiais e pesquisadora nos temas de discurso de ódio e desinformação.

 

Colaboração da Sociedade

O combate ao discurso de ódio exige a colaboração de todos os setores da sociedade. Governos, empresas de tecnologia, líderes comunitários e cidadãos devem trabalhar juntos para promover a inclusão, combater a discriminação e regulamentar o uso das redes sociais.

 

“A principal ferramenta para combater discurso de ódio nas redes sociais, e em nossa vida on e off-line, é a educação, algo que deve ser trabalhado desde a infância, com o fortalecimento do pensamento crítico. É muito importante que as pessoas saibam navegar nas redes sociais com segurança, saibam quando podem estar sendo manipuladas por grupos extremistas que estão promovendo o ódio por motivos pessoais ou de ganho político e /ou financeiro, e também para que conheçam canais de denúncia e os perpetradores desses crimes possam ser responsabilizados. Acredito, ainda, que a criação de contra narrativas sobre pessoas que são as principais vítimas de discurso de ódio nas redes sociais, como mulheres negras e população LGBTQIAP+, são essenciais neste processo. A partir da criação de um novo imaginário, respeitoso, empático, é possível que as pessoas de fato conheçam quem pertence a esses grupos e esses ciclos de violência se quebrem”, diz a pesquisadora, em entrevista ao Estado de Minas.


*Estagiária sob a supervisão do subeditor Fábio Corrêa