O Exército israelense afirmou, nesta terça-feira (18), que "aprovou e validou" planos para uma possível ofensiva no Líbano, coincidindo com um aumento dos confrontos com o movimento Hezbollah e com uma relativa calma nos combates em Gaza.

A guerra em Gaza resultou em um aumento das tensões na região, com as forças israelenses e o movimento xiita libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã e aliado do Hamas, trocando agressões quase diariamente na fronteira entre Israel e Líbano.

"Planos operacionais para uma ofensiva no Líbano foram aprovados e validados" durante uma reunião dos comandantes para avaliar a situação, indicou o Exército israelense em um comunicado.

Pouco antes, o chanceler israelense, Israel Katz, ameaçou destruir o Hezbollah em uma "guerra total".

As advertências chegaram depois que Israel anunciou no fim de semana passado uma "pausa" diária na atividade militar na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, para facilitar o fornecimento de ajuda humanitária, coincidindo com a festa muçulmana do Eid al-Adha.

- 'Guerra total' -

Em uma mensagem pelo Eid al-Adha, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu a aplicação de um plano para um cessar-fogo que ele apresentou em maio, afirmando que era "a melhor maneira de acabar com a violência".

Nesta terça-feira, o enviado americano, Amos Hochstein, afirmou em Beirute que essa iniciativa poderia levar a "colocar um fim ao conflito em Gaza", o que também ajudaria a conter os confrontos entre Israel e Hezbollah.

O plano proposto por Biden prevê, em uma primeira fase, um cessar-fogo de seis semanas acompanhado de uma retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza, bem como a libertação de alguns reféns retidos em Gaza e a libertação de palestinos detidos em Israel.

Mas o chanceler israelense afirmou, em um comunicado de seu ministério: "estamos muito perto do momento em que decidiremos mudar as regras do jogo contra o Hezbollah e o Líbano. Em uma guerra total, o Hezbollah será destruído e o Líbano duramente atingido".

Katz fez essas declarações depois que o Hezbollah publicou imagens que, segundo eles, foram tiradas por um drone em Haifa, uma cidade portuária no norte de Israel.

A guerra entre Israel e Hamas eclodiu em 7 de outubro, quando militantes islamistas mataram 1.194 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses.

O Exército israelense estima que 116 pessoas sequestradas ainda estão em Gaza, das quais 41 teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 37.372 mortos em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

No centro de Gaza, testemunhas relataram disparos e tiros de artilharia perto do campo de Nuseirat, onde, segundo a defesa civil de Gaza, pelo menos 13 pessoas morreram em dois bombardeios que atingiram uma residência familiar e um comércio.

No hospital Al Awda, foram recebidos os corpos de "seis mártires e quinze feridos, pelos bombardeios aéreos israelenses em várias áreas do centro e sul da Faixa", indicou o estabelecimento.

Também houve bombardeios e combates no norte da Faixa, segundo testemunhas e o governo do Hamas.

Em um comunicado, o Exército israelense indicou que prosseguia com suas operações nesta terça-feira no centro e no sul de Gaza, incluindo Rafah, na fronteira com o Egito.

- Protestos contra Netanyahu -

Internamente, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enfrenta uma onda de críticas por sua gestão da guerra de Gaza e por não ter conseguido a libertação dos reféns.

O veterano político, de direita, convidou os familiares dos reféns mortos para sua casa, indicaram várias famílias à AFP.

Mas um desses familiares, que pediu anonimato, afirmou que ela provavelmente rejeitará o convite, alegando que Netanyahu "se lembrou um pouco tarde de convidá-los".

Milhares de israelenses se manifestaram em frente ao Parlamento, em Jerusalém, nesta terça-feira à noite, pelo segundo dia consecutivo, pedindo eleições antecipadas e a retomada das negociações para liberar os reféns, observou um correspondente da AFP.

Protestos diários contra Netanyahu e seu governo foram organizados durante toda a semana.

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