Familiares de desaparecidos durante a peregrinação do hajj a Meca percorriam os hospitais sauditas nesta quarta-feira(19), após a morte de pelo menos 900 fiéis principalmente por uma onda de calor.

Pelo menos 600 dos que morreram nesta peregrinação, realizada na semana passada na cidade mais sagrada do Islã, são de nacionalidade egípcia, disse à AFP um diplomata árabe. 

"Todas as mortes (recém-confirmadas) foram devidas ao calor", disse o diplomata, após autoridades árabes relatarem pelo menos 323 egípcios mortos. 

Estas mortes elevaram a 922 o número de óbitos no hajj deste ano, que registrou temperaturas de até 51,8 ºC, segundo uma contagem feita pela AFP com base em dados coletados pelo país. 

O marido de Mabruka bint Salem Shushana, uma tunisiana de 70 anos, não sabe de sua esposa desde sábado, auge da peregrinação ao Monte Arafat. 

Ela não estava oficialmente inscrita entre os peregrinos, portanto não tinha acesso às instalações climatizadas. "Ela estava com muito calor e não tinha onde dormir. Procurei-a em todos os hospitais e até agora não sei nada sobre ela", diz o marido, Mohamed. 

Este ano, o hajj atraiu cerca de 1,8 milhão de peregrinos, entre eles, 1,6 milhão do exterior, segundo as autoridades sauditas. Pelo menos 240 peregrinos, a maioria indonésios, morreram no ano passado.

- Peregrinação e mudança climática -

Mohamed não é o único que procura desesperadamente por um familiar. O Facebook e outras redes sociais estão repletas de fotos de desaparecidos e pedidos de informações. 

A egípcia Ghada Mahmud Dawud está desaparecida desde sábado. "Recebi uma ligação da filha dela me pedindo para publicar uma mensagem no Facebook que pudesse ajudar a encontrá-la", disse um amigo da família que vive na Arábia Saudita e pediu anonimato. 

"Não a encontramos na lista de falecidos, o que nos dá esperança de que esteja viva", acrescentou. 

O hajj é um dos cinco pilares do Islã e todo muçulmano que possui os meios necessários deve fazê-lo pelo menos uma vez na vida. As datas da peregrinação são determinadas segundo o calendário muçulmano, com base nos ciclos lunares. 

Os rituais dos últimos anos enfrentaram temperaturas escaldantes. Um estudo saudita publicado em maio indica que as temperaturas nos locais onde são realizados aumentam 0,4ºC Celsius a cada dez anos. 

Todos os anos, milhares de peregrinos tentam cumpri-lo por meios irregulares, já que não tem acesso aos oficiais, que costumam ser caros. 

Além das mortes de egípcios, foram anunciadas as mortes de 60 jordanianos, além de peregrinos da Indonésia, Irã, Senegal, Tunísia e Curdistão iraquiano. 

Um diplomata asiático reportou "68 mortes" entre peregrinos indianos. No dia anterior, diplomatas informaram que 550 corpos foram transportados para o necrotério de Al Muaisem, um dos principais de Meca. 

No domingo, as autoridades sauditas afirmaram que mais de 2.000 peregrinos receberam atendimento por stress térmico, sem fornecer informações precisas sobre mortes.

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