O movimento libanês Hezbollah, contra quem Israel quer lançar uma ofensiva em grande escala, revela parte de seu arsenal à medida que as trocas de disparos com o Exército israelense se intensificam.
O grupo, armado e financiado pelo Irã, abriu uma frente no sul do Líbano em 8 de outubro, para apoiar o seu aliado, o movimento islamista palestino Hamas, em sua guerra contra Israel na Faixa de Gaza.
Seu chefe, Hassan Nasrallah, alertou na quarta-feira que "nenhum lugar" de Israel estaria a salvo dos mísseis do Hezbollah, se o governo israelense puser em prática seus planos de ofensiva contra o Líbano.
O Exército israelense anunciou na terça-feira que haviam sido aprovados e validados "planos operacionais para uma ofensiva no Líbano" e o chanceler israelense, Israel Katz, ameaçou destruir o Hezbollah em uma "guerra total".
Quais são as capacidades reais do Hezbollah e quais armas pode usar em caso de uma guerra aberta?
- Foguetes e mísseis -
Desde a última guerra com Israel em 2006, o Hezbollah desenvolveu consideravelmente suas capacidades militares.
"Recebemos novas armas, desenvolvemos algumas de nossas armas (...) e guardamos outras para os dias que estão por vir", assegurou Nasrallah.
Para Dina Arakji, analista da consultoria Control Risks, "é provável que o Hezbollah ainda não tenha utilizado suas armas mais sofisticadas".
Segundo ela, o grupo dispunha em 2006 de "15.000 foguetes", um número que se calcula que "foi multiplicado por dez".
O analista militar Khalil Helou, general aposentado, explica que o movimento também dispõe de mísseis balísticos de precisão iranianos "Fateh-110", com um alcance de 300 km, e de mísseis "Zelzal-2".
- Drones de ataque -
Nas últimas semanas, o Hezbollah utilizou de forma intensiva drones para atacar posições militares israelenses perto da fronteira.
Mas em 15 de maio lançou drones de ataque contra uma base militar perto de Tiberíades, uma cidade israelense a 30km da fronteira, e na terça anunciou que havia enviado um drone para filmar alvos sobre Haifa, um dos principais portos de Israel.
Nasrallah afirmou que dispõe de um grande número porque seu movimento fabrica alguns deles. Também tem em sua posse drones Shahed 136 e outros de fabricação iraniana, segundo Helou.
- Armas terra-mar -
O chefe do Hezbollah alertou que, em caso de guerra total, o que Israel pode aguardar "também no Mediterrâneo é muito importante".
"Todo o seu litoral, todas suas margens, todos seus portos, todos seus barcos e navios" se veriam afetados, advertiu.
Segundou Helou, o Hezbollah possui mísseis terra-mar russos Yakhont, com um alcance de 300 km, e de mísseis Silkworm, de fabricação chinesa, "muito precisos e extremamente rápidos".
- Defesa antiaérea -
Pela primeira vez, no início de junho, o Hezbollah anunciou que utilizou mísseis de defesa antiaérea contra aviões de combate israelenses.
"Nas últimas semanas, os aviões israelenses voaram à altura baixa para tentar detectar mísseis antiaéreos", afirmou Helou.
Mas, em sua opinião, a supremacia aérea israelense não está em questão.
O Hezbollah afirma que nos últimos meses derrubou vários aviões não tripulados israelenses Hermes 450 e 900.
- Combatentes -
Nasrallah assegurou que seu movimento "superou" o número de "100.000 combatentes".
Também afirmou que rechaçou ofertas de envio de combatentes de outros grupos pertencentes ao "eixo de resistência", que inclui grupos aliados do Irã, estimando que não necessitava de mais soldados.
- Túneis -
Segundo os especialistas, o movimento cavou túneis e trincheiras no sul do Líbano e na fronteira com a Síria.
De acordo com Helou, o Hezbollah "está pronto para uma guerra de desgaste, seguindo o mesmo modelo do Hamas, na qual os aviões israelenses não conseguirão alcançar seus líderes, já que eles estarão debaixo da terra.
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