As tarifas reforçadas que a União Europeia (UE) vai impor aos veículos elétricos chineses a partir de julho "não são punitivas", declarou neste sábado (22) em Pequim o ministro alemão da Economia e do Clima, Robert Habeck.
Número dois do governo da Alemanha, Habeck está em Pequim para o que parece a última oportunidade de evitar uma guerra comercial entre a UE e China, que se opõe de maneira veemente às tarifas adicionais.
A China afirma que as tarifas são "puramente protecionistas" e alertou que adotará "todas as medidas necessárias" para defender seus interesses.
"É importante compreender que não são tarifas punitivas", disse Habeck, segundo uma gravação da sua declaração transmitida pela embaixada da Alemanha à AFP.
"Há tarifas punitivas. Os americanos fizeram isso, o Brasil fez isso, a Turquia fez isso, ao impor sobretaxas ao conjunto dos veículos chineses. A Europa está procedendo de forma diferente e também há uma diferença qualitativa", argumentou Habeck.
"Não é uma sanção", insistiu o ministro.
Se um compromisso não for alcançado até de 4 de julho, a UE adotará um aumento de até 28% nas tarifas de importação dos carros elétricos chineses.
A UE acusa a China de subsidiar a indústria automotiva em larga escala.
As tarifas serão definitivas a partir de novembro.
Em Pequim, Robert Habeck teve reuniões com Zheng Shanjie, diretor da influente Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês), responsável pelo planejamento econômico, e com o ministro do Comércio, Wang Wentao.
"Se a UE demonstrar sinceridade, a China desejará iniciar negociações o mais rápido possível", disse o ministro Wang, segundo a imprensa estatal.
"Mas se a UE permanecer obcecada por este caminho, adotaremos todas as medidas necessárias para defender os nossos interesses. Isto incluirá uma demanda no mecanismo de resolução de litígios da OMC", acrescentou.
"Esperamos que a Alemanha demonstre liderança na UE e tome as medidas apropriadas", ou seja, a anulação das tarifas reforçadas, declarou Zheng, segundo a agência oficial Xinhua.
Pequim já anunciou uma investigação antidumping sobre as importações de carne suína e produtos à base de porco procedentes da União Europeia.
As montadoras alemãs temem um conflito comercial com Pequim e a potencial adoção de medidas de represália contra um setor fundamental para a economia da maior potência econômica europeia.
Para Mercedes, Volkswagen e BMW, entre outras montadoras alemãs, a China representa até 36% de suas vendas.
Em 2023, a China foi o maior parceiro comercial da Alemanha pelo oitavo ano consecutivo. Nos primeiros meses de 2024, no entanto, aparece em segundo lugar, atrás dos Estados Unidos.
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