A política migratória deve inflamar o debate de quinta-feira (27) entre Donald Trump, que acusa os migrantes de "envenenar o sangue" dos Estados Unidos, e Joe Biden, que fará o possível para se distanciar de seu adversário republicano.

Ambos estão certos de que, segundo as pesquisas, boa parte do eleitorado se preocupa com a segurança na fronteira com o México e com o fluxo de migrantes.

Estas são as principais propostas de ambos os candidatos às presidenciais de novembro.

- Donald Trump -

A migração é o eixo central do programa eleitoral do magnata republicano, cujo discurso anti-imigração aumenta à medida que se aproxima a data das eleições. 

Durante seu mandato, de 2017 a janeiro de 2021, aplicou uma política de "tolerância zero", que tratava como criminosos os migrantes que tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos, levando muitos a perder a guarda dos filhos. Também começou a construir um muro na fronteira com o México (onde antes existiam cercas). 

Trump mantém a linha dura e promete medidas "tão draconianas quanto necessárias", como "fechar a fronteira" com o México, retomar a construção do muro e deportar "em massa". 

"Será a maior deportação da história do nosso país", repete. 

Em seus comícios, Trump afirma que os migrantes "envenenam o sangue do país", o que lhe valeu comparações com Adolf Hitler, e "vêm de prisões e cadeias", "de instituições psiquiátricas e asilos". 

"Estão matando nosso país", são "criminosos", diz, embora as estatísticas do FBI mostrem uma redução de 1,7% dos crimes violentos e 6,1% dos homicídios no país em 2022 em relação a 2021. 

Nos últimos dias, surpreendeu ao propor autorizações de residência permanente a estrangeiros que se formem em universidades americanas. 

Se voltar à Casa Branca, o republicano de 78 anos ameaça impor taxas aos países que não controlarem o fluxo de migrantes com destino aos Estados Unidos.

- Joe Biden -

Os republicanos culpam as políticas de Biden por favorecerem o direito de asilo aos migrantes, muitos latino-americanos. 

Biden acusa Trump de sabotar uma tentativa bipartidária de encontrar uma solução. 

"Não vou demonizar os imigrantes", "não vou separar famílias", afirma o democrata de 81 anos, que garante não "politizar" a questão. 

Ele chegou à Casa Branca com a promessa de promover uma política migratória "mais humana" e um caminho para a cidadania a 11 milhões de migrantes sem documentos, mas encontrou oposição dos conservadores no Congresso e sua proposta nunca foi votada. 

Agora está entre a cruz e a espada: satisfazer a ala mais à esquerda do Partido Democrata ou impedir a entrada de migrantes. 

Ele tenta convencer o eleitorado de que é pró-ativo em relação aos migrantes que chegam fora das "vias legais" promovidas por seu governo, como agendar uma consulta por aplicativo, cumprir os trâmites nos países por onde passam e tentar um asilo humanitário. 

Nas últimas semanas, Biden assinou um decreto que restringe a entrada de migrantes pela fronteira com o México enquanto houver mais de 2.500 travessias irregulares em sete dias e endureceu as normas para os pedidos de asilo. 

Seu governo também impulsionou uma lei que acelera a negativa de asilo aos que representam perigo para a "segurança nacional ou pública". 

O presidente concedeu proteção migratória a quase meio milhão de venezuelanos e vai simplificar o processo para estrangeiros casados com americanos obterem uma autorização de residência, o green card, sem precisar sair do país. 

Afirmou ainda que irá acelerar a concessão de vistos a graduados no ensino superior americano, desde que "tenham recebido uma oferta de emprego altamente qualificada". 

Esta medida beneficiará os "dreamers"(sonhadores), que migraram para os Estados Unidos ainda crianças e estão protegidos por um programa federal (Daca), que lhes permite viver e trabalhar legalmente no país.

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