O general boliviano Juan José Zúñiga, acusado de liderar um golpe fracassado contra o presidente Luis Arce, foi transferido da prisão no sábado por razões de segurança, anunciou a autoridade penitenciária. 

O ex-comandante do Exército estava detido na prisão de segurança máxima de Chonchocoro, nos arredores de El Alto, um município próximo a La Paz, por ordem de um juiz que lhe impôs seis meses de prisão preventiva. 

No entanto, no mesmo sábado, ele foi retirado de lá e colocado em El Abra, uma prisão de segurança máxima no departamento de Cochabamba (centro), de acordo com Juan Carlos Limpias, diretor do Regime Penitenciário. 

As autoridades ordenaram a transferência para proteger sua segurança, diante da "rejeição" dos detentos de Chonchocoro, que o declararam "persona non grata", explicou Limpias em uma declaração à imprensa.

Zúñiga havia sido preso com o vice-almirante Juan Arnez, ex-chefe da Marinha; e Alejandro Irahola, ex-chefe da brigada mecanizada do Exército.

Arnez e Irahola seguirão presos em Chonchocoro, informou o chefe das prisões. 

Na sexta-feira, os tribunais ordenaram que eles fossem mantidos na prisão de segurança máxima enquanto continuam as investigações sobre o levante armado de quarta-feira, quando tropas com tanques cercaram a sede do governo por várias horas antes de se retirarem.

A polícia montou uma intensa operação de segurança para transferi-los de uma prisão em La Paz.

"Em algum momento a verdade será conhecida", disse Zúñiga, algemado e sem colete à prova de balas, ao ser conduzido a uma viatura policial. 

No momento de sua captura na última quarta-feira, o ex-chefe militar afirmou que foi Arce quem lhe pediu para preparar algo "para aumentar sua popularidade", o que foi negado pelo presidente boliviano.

Zúñiga e os outros dois oficiais enfrentam acusações de terrorismo e levante armado, pelos quais podem ser condenados a até 20 anos de prisão, de acordo com os promotores.

Junto com eles, outros 18 militares da ativa, da reserva e civis foram presos em conexão com o golpe fracassado.

No sábado, o governo disse ter encontrado provas do plano dos militares de transportar forças especiais do departamento de Tarija, no sul do país, para La Paz, com a intenção de realizar o golpe contra Arce.

O general Zúñiga foi identificado desde o início como o principal responsável pela conspiração contra o presidente de esquerda da Bolívia, que assumiu o cargo em 2020 para um mandato de cinco anos.

O ex-comandante do Exército foi preso depois que tropas e veículos blindados foram retirados sem confrontos com as forças leais ao governo. 

Durante a rebelião militar, 14 civis foram feridos por balas disparadas por soldados quando entravam na praça onde está localizado o palácio presidencial no centro de La Paz, de acordo com o governo.

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