Milhares de israelenses de ultradireita carregando bandeiras nacionais realizaram nesta quarta-feira (5/6) a marcha anual em Jerusalém Oriental que comemora a captura completa da cidade durante a Guerra dos Seis Dias em 1967. O desfile foi descrito por apoiadores como "uma mensagem de desafio" aos inimigos de Israel e é visto como uma provocação por palestinos.

 

Jerusalém é considerada sagrada para as três religiões abraâmicas -Judaísmo, Islamismo e Cristianismo. Os palestinos reivindicam a parte oriental da cidade como a futura capital de um Estado independente, enquanto Israel considera Jerusalém em sua totalidade como capital do país, e é lá que ficam as sedes do Legislativo, do Executivo e do Judiciário do Estado judaico.

 

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A maior parte da comunidade internacional não reconhece esse status, considerando a capital israelense como sendo a cidade de Tel Aviv e se referindo a Jerusalém Oriental como estando sob ocupação.

 

Assim como em outros anos, alguns israelenses entraram em confronto com palestinos enquanto marchavam pela Cidade Velha. A polícia prendeu pelo menos 18 pessoas, incluindo adolescentes -alguns deles, acusados de agredir um jornalista palestino.

 

O desfile desse ano foi marcada por tensões causadas pela guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza. Desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, no qual 1.200 israelenses morreram, bombardeios de Tel Aviv contra o território palestino já deixaram mais de 36 mil mortos e criaram uma crise humanitária na qual mais de 1 milhão de pessoas passam fome, segundo a ONU.

 

"Somos um povo milenar, um povo de bravos guerreiros, que [em 1967] se ergueu e se defendeu", disse o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em um discurso aos seus ministros. "Estamos fazendo o mesmo hoje contra o Hamas no sul, o Hezbollah no norte e o Irã no leste".

 

Cerca de três mil policiais de Israel participaram de uma operação para tentar evitar confrontos entre israelenses e palestinos durante a marcha.

 



 

Histórico

 

Casos de violência durante o mesmo evento em 2021, incluindo uma invasão da polícia israelense à mesquita de Al-Aqsa, considerada a terceira mais sagrada por muçulmanos, serviu de estopim para a guerra de 10 dias entre Israel e o Hamas naquele ano. Na época, colonos israelenses foram acusados de tentar expulsar moradores palestinos de Jerusalém oriental da cidade -ao longo dos anos, Tel Aviv vem destruindo casas de palestinos com escavadeiras.

 

A polícia israelense havia dito que a marcha não entraria no complexo religioso onde fica a mesquita esse ano, que também é considerado sagrado por judeus, que o chamam de Monte do Templo. Entretanto, antes do início da manifestação, um número considerável de visitantes judeus estiveram no local.

 

O ministro de Segurança Nacional de Israel, o extremista Itamar Ben-Gvir, voltou a dizer nesta quarta que ele quer derrubar o acordo com a Jordânia que permite que judeus visitem o complexo, mas que os proíbe de realizar celebrações religiosas lá. "Digo ao Hamas que Jerusalém, a Cidade Velha, e mesquita de Al-Aqsa pertencem à nós. Não vamos desistir até sermos vitoriosos", afirmou.

 

Em janeiro de 2023, logo após tomar posse como ministro, Ben-Gvir causou uma crise diplomática ao visitar o complexo religioso, em outro ato visto como provocação.

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