Oitenta anos depois do Desembarque da Normandia, os aliados se reunirão nesta quinta-feira (6/6) nas praias do noroeste da França para celebrar a libertação da Europa da Alemanha nazista, além de expressar apoio à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia.


O presidente da França, Emmanuel Macron, elogiou, ontem, o "espírito de sacrifício" dos militares na abertura dos três dias de cerimônias de celebração dos 80 anos do Desembarque dos Aliados nas praias da Normandia, o momento será carregado de simbolismo. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acompanhará os governantes dos países aliados, como o americano Joe Biden e o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, na praia normanda conhecida como Omaha.


Em 6 de junho de 1944, o Dia D, uma força com 156 mil soldados e 20 mil veículos chegou às praias da Normandia, onde os nazistas, que sob as ordens de Adolf Hitler ocuparam a Europa ocidental, não os aguardavam.


A operação militar contribuiu decisivamente para o fim da Segunda Guerra Mundial em território europeu em 1945 com a Alemanha nazista, que estava encurralada entre duas frentes: Atlântico, ao oeste, e União Soviética, ao leste.


Mais de 4 mil pessoas, incluindo 200 veteranos do conflito, foram convidadas para as cerimônias que homenagearão, entre quarta-feira e sexta-feira, os libertadores, mas também os integrantes da resistência e as vítimas civis dos bombardeios aliados.


A principal cerimônia está prevista para esta quinta-feira, dia do 80º aniversário, na praia de Omaha, com a presença de vários líderes internacionais, incluindo o americano Joe Biden o ucraniano Volodimir Zelensky, mas sem o presidente russo, Vladimir Putin.


A localidade britânica de Plumelec, no oeste da França, deu início às celebrações nesta quarta com uma primeira homenagem à resistência e aos paraquedistas da França Livre entre as forças especiais britânicas.


"O nosso país tem uma juventude (...) disposta ao mesmo espírito de sacrifício que os seus mais velhos", declarou Macron diante das unidades de elite representadas, alertando para um contexto atual em que "os perigos aumentam" na Europa.

 

Os convidados mais ilustres das cerimônias de memória do Dia D serão os veteranos da Segunda Guerra Mundial ainda vivos: as autoridades francesas aguardam quase 200 combatentes do conflito, com idades que superam 90 anos e, em alguns casos, 100. Dezenas deles já chegaram dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.


“Oito décadas depois, é quase impossível imaginar as emoções sentidas naquele dia, o orgulho de fazer parte de uma missão tão grande, a angústia de não estar à altura da tarefa e o medo de que aquele dia fosse o último”, afirmou o rei da Inglaterra, Charles III, no porto britânico de Portsmouth.


O presidente dos Estados Unidos chegou nesta quarta-feira a Paris e participará nas cerimônias previstas para quinta-feira nas praias da Normandia ao lado de Macron, do monarca britânico e do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.


Os líderes das antigas potências rivais do Eixo, o chanceler alemão Olaf Scholz e o presidente italiano Sergio Mattarella também participarão, bem como o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelensky.


Biden homenageará em seus discursos nas praias conhecidas pelos codinomes Utah e Omaha os "73 mil americanos corajosos" que desembarcaram para "abrir o caminho à libertação da França e da Europa", afirmou a Casa Branca.


Apesar do preço muito elevado que a União Soviética pagou na vitória final (27 milhões de mortes entre civis e militares), Putin não foi convidado, ao contrário do que aconteceu há 10 anos, devido à invasão da Ucrânia, iniciada em 2022.


Macron, para quem a ofensiva russa representa uma ameaça existencial para a Europa, espera que a comemoração do desembarque aliado também sirva para expressar o apoio das potências ocidentais à Ucrânia.


Durante a viagem à França, Zelensky pretende abordar, com Biden e Macron, as necessidades do seu país na guerra. A Ucrânia também será um tema de discussão da visita de Estado do presidente americano, no sábado, a Paris.


O retorno da guerra ao continente europeu oitenta anos depois da libertação nazista, preocupa o mundo. Macron e Biden "discutirão o apoio inabalável e a longo prazo que deve ser dado à Ucrânia", segundo a presidência francesa.


"Vítimas da liberdade"


O desembarque das forças aliadas, apoiado por operações aerotransportadas que lançaram tropas de paraquedas diretamente no solo ocupado, foi a maior operação naval da história em número de navios mobilizados e tropas participantes.


O "dia mais longo", como passou a ser conhecido, marcou o início do fim da ocupação nazista da Europa - mas ainda foram necessários meses de combates intensos e violentos antes da vitória sobre o regime de Hitler.


Durante os três dias de cerimônias, Macron prestará homenagem às vítimas civis. Em Saint-Lô, o presidente francês lembrou nesta quarta-feira das "vítimas pela liberdade", que morreram nos bombardeios dos aliados.


Os bombardeios destruíram 90% desta "capital de ruínas", nas palavras do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. Na França, bombardeios dos aliados mataram um total de entre 50 mil e 70 mil civis.


Na sexta-feira, Biden fará um discurso em Pointe du Hoc – um promontório no topo de uma falésia cujos bunkers alemães foram atacados pelas tropas americanas em um ataque ousado – sobre a defesa da liberdade e da democracia.

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