O presidente Nayib Bukele descreveu as gangues de El Salvador como "satânicas" e considerou um "milagre" ter apaziguado o país ao prender mais de 80 mil supostos membros, em entrevista ao jornalista americano Tucker Carlson transmitida na quarta-feira.
"À medida que cresciam, as organizações (criminosas) tornavam-se satânica. Passaram a fazer rituais satânicos", disse Bukele sobre sua luta contra as gangues Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18 no país centro-americano.
Mencionou que a "fórmula oficial" para o sucesso de sua "guerra" contra estes grupos foi fortalecer a polícia e duplicar o Exército, mas que a verdadeira chave foi "um milagre".
"Em algumas semanas o país se transformou", defendeu.
"Estamos mais seguros do que qualquer outro país do Hemisfério Ocidental e se eu tivesse dito isto há cinco anos, teriam me dito que eu estava louco. Este era literalmente o país mais perigoso do mundo", indicou.
O presidente lembrou que em março de 2022 as gangues "mataram 87 pessoas em 3 dias, o que para um país de 6 milhões de habitantes é uma loucura".
Após esta escalada de violência, Bukele pediu ao Congresso que decretasse um regime de exceção, que vigora há 27 meses com mais de 80 mil supostos membros de gangues detidos.
Esta medida, que permite prisões sem ordem judicial, é criticada por organizações humanitárias que advertem que "pessoas inocentes sofrem" na prisão.
Em três décadas, as gangues submeteram a população à extorsão, criaram um Estado paralelo e, segundo dados oficiais, cometeram 120 mil homicídios, superando as 75 mil mortes deixadas pela guerra civil (1980-1992).
Bukele afirmou que essas organizações matavam "qualquer pessoa para gerar terror" e esclareceu que "(o Estado) não tem intenção de atacar ninguém além dos membros das gangues".
O presidente comentou que as gangues surgiram na década de 1980 nas ruas da cidade americana de Los Angeles e depois chegaram a El Salvador, "cresceram" e estão presentes na Itália, Guatemala, Honduras e Estados Unidos.
Questionado se acredita que Donald Trump vencerá as eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos, Bukele respondeu: "Bem, sim, pode vencer", lembrando as dificuldades que ele mesmo enfrentou nas eleições de 2019 em El Salvador.
Tucker perguntou que conselho daria a um ex-presidente em busca da reeleição e que pode enfrentar uma condenação criminal, como Trump.
"Se não houver como impedir sua candidatura, tudo o que fizerem lhe dará mais votos", considerou.
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