Israel foi notificado, nesta sexta-feira (7), de sua inclusão na "lista da vergonha" da ONU sobre violações dos direitos das crianças durante conflitos, anunciou o embaixador israelense, dizendo-se “chocado e enojado” com a decisão. 

O secretário-geral da ONU publica um relatório anual que lista as violações dos direitos das crianças em cerca de 20 zonas de conflito em todo o mundo e identifica em um anexo os responsáveis por essas violações, a chamada “lista da vergonha”, que inclui casos de crianças mortas e mutiladas, recrutadas, sequestradas ou abusadas sexualmente. 

Embora o próximo relatório deva ser publicado até o final de junho, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, anunciou que o chefe de gabinete do secretário-geral o notificou sobre a inclusão de Israel na lista. 

"Estou profundamente chocado e enojado com essa decisão vergonhosa do secretário-geral. Vocês sabem que o Exército israelense é o Exército mais moral do mundo", disse Erdan, de acordo com o comunicado à imprensa. “É uma decisão imoral que ajuda o terrorismo e recompensa o Hamas”, acrescentou. 

"O único que está na lista negra hoje é o secretário-geral, cujas decisões, desde o início da guerra, e mesmo antes, recompensam os terroristas e os incentivam a usar crianças em atos terroristas... Que vergonha!", insistiu o embaixador, que tem atacado o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e a ONU em geral constantemente nos últimos anos. 

No ano passado, as Forças Armadas russas e os grupos armados “afiliados” a Moscou foram incluídos na “lista da vergonha” da ONU. No entanto, esse não foi o caso de Israel, para grande desânimo das organizações de direitos humanos que há anos pedem sua inclusão. 

A ONU alertou em seu relatório de 2022 que Israel seria adicionado à lista se não houvesse nenhuma melhora. 

O relatório do ano passado observou “uma redução significativa no número de crianças mortas pelas forças israelenses, inclusive em ataques aéreos” entre 2021 e 2022. 

Mas a guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada em 7 de outubro por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel - que matou 1.194 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses - mudou a situação. 

Em resposta ao ataque de 7 de outubro, o Exército israelense lançou uma ofensiva mortal na Faixa de Gaza. Pelo menos 36.731 palestinos, a maioria mulheres e crianças, foram mortos, de acordo com o último relatório divulgado na sexta-feira pelo Ministério da Saúde de Gaza.

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