É imperativo unir a política e a ciência para avançar na proteção dos oceanos, destacaram neste sábado (8) especialistas e autoridades no fórum "Immersed in Change" (Imersos na Mudança) na Costa Rica, antes da crucial reunião da ONU na França em 2025.

O segundo e último dia se concentra em especificar e compartilhar boas práticas após os discursos institucionais e os chamados à ação da sessão inaugural de sexta-feira.

Desde as Nações Unidas, indicaram que "é imperativo" agir para reverter a "saúde deteriorada" dos oceanos.

Cientistas, acadêmicos e especialistas de todo o mundo compartilham conhecimentos com autoridades, instituições internacionais e ONGs para consensuar ideias um ano antes da III Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (Unoc), prevista para junho de 2025 na cidade francesa de Nice e organizada por França e Costa Rica.

- De mãos dadas -

O diretor do Centro de Pesquisa em Ciências Marinhas e Limnologia (Cimar) da Universidade da Costa Rica (UCR), Álvaro Morales, afirmou à AFP que a forma de colocar em prática as ideias abordadas por autoridades de mais de 40 países reunidas no país da América Central é ouvir os especialistas.

"A ciência deve se envolver no mundo político", disse Morales, para dar às instituições os recursos objetivos da pesquisa, de forma que decisões sejam tomadas baseadas em dados.

"O oceano está doente e precisamos recuperar essa saúde" por meio de uma "maior conscientização", acrescentou Morales.

A diretora de Assuntos Marítimos e Pesca da Comissão Europeia, Charlina Vitcheva, disse à AFP que "é absolutamente essencial" apoiar-se na ciência para elaborar "políticas robustas" que concordem com a realidade da situação oceânica.

E como exemplo destacou que "a União Europeia tem um grande projeto que consiste em desenvolver um gêmeo digital do oceano", uma "potente ferramenta de simulação que nos permita elaborar políticas", indicou.

- Ameaça da mineração -

Entre as diversas preocupações sobre a saúde dos oceanos, a extração mineral no fundo marinho tem sido apontada em diversos fóruns como uma ameaça iminente.

O secretário de Estado para o Mar e a Biodiversidade da França, Hervé Berville, comentou em coletiva de imprensa que "a mineração dos fundos marinhos seria um desastre para os nossos oceanos".

O enviado especial do presidente Emmanuel Macron, que não pôde comparecer ao evento em San José, ressaltou que o governo francês está colocando "muito peso diplomático e ímpeto político nesse assunto".

A responsável pelos oceanos do Greenpeace Internacional, a bióloga marinha Pilar Marcos, apontou à AFP que "a pressão mundial" para evitar a mineração submarina está aumentando. "Já são 25 países que pedem uma moratória", disse.

- "Paz" com o oceano -

Em um gesto simbólico para reduzir as ações que prejudicam os ecossistemas submarinos, ao fim do encontro deste sábado será apresentada uma "Declaração de Paz" com o oceano, proposta pela Costa Rica como país coanfitrião do encontro das Nações Unidas em 2025.

"A ideia de que o mar não pertence a ninguém mudou. A declaração de paz vem contribuir com a ideia de que as águas do alto-mar são de todos, e todos somos corresponsáveis pelo que acontece lá", afirmou em coletiva de imprensa na véspera o chanceler da Costa Rica, Arnoldo André.

As águas internacionais começam onde terminam as zonas econômicas exclusivas (ZEE) dos Estados, a cerca de 200 milhas náuticas (370 km) das costas.

Atualmente, apenas cerca de 1% do alto-mar está sob medidas de conservação, e a principal ferramenta do tratado é a criação de zonas marinhas protegidas nessas águas.

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