Os principais partidos de esquerda na França defenderam na segunda-feira à noite a criação de uma "nova frente popular" nas eleições legislativas antecipadas, que o presidente Emmanuel Macron convocou de maneira inesperada após a vitória da extrema-direita nas eleições europeias.
Após várias horas de negociações, o Partido Socialista, o Partido Comunista, Os Ecologistas e A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) comprometeram-se a apresentar "candidaturas únicos no primeiro turno" das eleições, marcado para 30 de junho, uma semana antes do segundo turno, em 7 de julho.
"Pedimos a constituição de uma nova frente popular que reúna, de forma inédita, todas as forças de esquerda humanistas, sindicais, associativas e cidadãs", afirma um comunicado conjunto publicado após a reunião em Paris.
As quatro legendas já disputaram unidas as eleições legislativas de 2022, na aliança Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes), então liderada pelo esquerdista Jean-Luc Mélenchon, que meses antes havia ficado em terceiro lugar nas eleições presidenciais.
Porém, a aliança chegou ao fim devido às divergências entre sua ala social-democrata e a ala mais radical, o que deixou o partido de ultradireita Reunião Nacional (RN) como a principal força de oposição na Assembleia Nacional (Câmara Baixa).
As eleições europeias mudaram o equilíbrio de forças, com o avanço da ala social-democrata: os socialistas foram os mais votados na esquerda, com 13,83% dos votos, à frente da LFI (9,89%), dos ecologistas (5,5%) e dos comunistas (2,36%).
O anúncio aconteceu no momento em que centenas de jovens, que compareceram a um protesto contra a extrema-direita na capital francesa, estavam reunidos em frente ao local da reunião para pressionar por um acordo.
"Somos um país que hoje se levanta para dizer não à extrema-direita", afirmou o líder socialista Olivier Faure. "Mostramos a nossa vontade de concorrer unidos para propor uma alternativa a Emmanuel Macron", acrescentou Manuel Bompard, líder da LFI.
As eleições legislativas e presidencial de 2022 deixaram a França dividida em três blocos: a aliança centrista de Macron, a extrema-direita de Marine Le Pen e a esquerda, mas os resultados das eleições europeias reavivaram o medo da chegada do partido RN ao poder.
A legenda recebeu 31,37% dos votos, muito à frente dos 14,60% do partido de Macron. Duas pesquisas sobre as eleições legislativas mostram o RN com 33-34% das intenções de voto. Segundo a 'Harris Interactive', o partido conseguiria entre 235 e 265 dos 577 deputados, contra quase 90 no atual Parlamento.
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