As Nações Unidas denunciaram um "impactante" aumento de 21% nas violações dos direitos das crianças nas guerras em 2023 em relação ao ano anterior, segundo um relatório da ONU ao qual a AFP teve acesso nesta terça-feira (11).

"Em 2023, a violência contra as crianças nos conflitos armados atingiu níveis extremos, com um impactante aumento de 21% nas violações graves", diz o relatório que será publicado oficialmente na quinta-feira e confirma 30.705 violações cometidas no ano passado.

O relatório anual do secretário-geral da ONU, António Guterres, enumera as violações dos direitos dos menores de 18 anos em cerca de 20 zonas de conflito em todo o mundo e lista os responsáveis por essas violações, que incluem assassinatos, mutilações, recrutamentos, sequestros e abusos sexuais.

Em 2023, as crianças "foram as primeiras afetadas pela multiplicação e escalada de crises marcadas por um total desprezo pelos direitos da criança, em particular pelo direito inerente à vida", destaca o relatório.

O trabalho indica, em particular, que o conflito em Israel e nos territórios palestinos provocou violações dos direitos dos menores "em uma escala e com uma intensidade sem precedentes", com um aumento de 155% nas violações graves relacionadas ao ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro e a ofensiva israelense na Faixa de Gaza como represália.

Nesse contexto, tanto o exército israelense quanto o Hamas foram adicionados à "lista da vergonha" anexa ao relatório, informação que foi vazada na semana passada.

A situação no Sudão também é preocupante, com uma alta "assustadora de 480%" no número de violações graves contra as crianças. Por isso, Guterres decidiu adicionar à "lista da vergonha" o exército sudanês e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF), em guerra desde abril de 2023.

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