O arroz, alimento onipresente na mesa dos brasileiros, foi motivo de polêmica envolvendo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que anulou nesta terça-feira (11) um leilão para importar milhares de toneladas, após suspeitas de irregularidades, e afastou um funcionário do alto escalão ligado ao processo.

A compra no exterior de 1 milhão de toneladas do cereal foi uma das primeiras medidas anunciadas pelo presidente diante das inundações que devastaram o Rio Grande do Sul no começo de maio. O estado é responsável por cerca de dois terços da produção do país, onde são consumidos 10 milhões de toneladas de arroz por ano.

Realizado na última quinta-feira, o leilão atribuiu a compra do primeiro lote, de cerca de 300 mil toneladas, a quatro empresas, numa operação no valor de 1,3 bilhão de reais. Mas o governo anulou hoje o processo, devido a "questionamentos sobre as capacidades técnicas e financeiras por parte das empresas vencedoras", e anunciou que fará um novo leilão, ainda sem data.

A medida do governo havia sido anunciada para evitar a especulação dos preços diante de uma eventual escassez do cereal. Em meio à tragédia das inundações, circularam fotos nas redes sociais de cartazes em supermercados restringindo a quantidade de arroz que poderia ser comprado.

O presidente autorizou a compra no exterior de 1 milhão de toneladas, que, mediante subsídios, deverão ser vendidas a quatro reais o quilo. A imprensa revelou que saíram vencedoras empresas sem histórico de participação no ramo de cereais.

O secretário de Política Agrícola, Neri Geller, deixou o cargo, confirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, após reunião com Lula hoje no palácio presidencial.

A decisão da compra de arroz foi criticada pelos produtores do Rio Grande do Sul, segundo os quais 80% da colheita já havia sido feita antes de os campos ficarem debaixo d'água. Eles alegam que serão prejudicados pela medida, ao disputarem parte do mercado no momento em que lidam com um grande prejuízo econômico.

Após a anulação do leilão, parlamentares ligados ao agronegócio anunciaram que vão cobrar uma investigação.

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