O partido conservador francês Os Republicanos (LR) excluiu da formação seu até agora presidente, Éric Ciotti, depois que ele defendeu uma "aliança" com a extrema direita, favorita nas pesquisas para as legislativas antecipadas na França, informou o partido em um comunicado.

Éric Ciotti foi afastado por "unanimidade" pelo birô político de Os Republicanos, informou a formação.

"Os Republicanos vão apresentar candidatos aos franceses com clareza e independência" para as eleições legislativas, afirmou a deputada conservadora Annie Genevard.

Pouco depois, Ciotti reagiu, repudiando o resultado desta votação porque ele não participou da mesma.

"Eu sou e continuo sendo o presidente da nossa formação política, eleito por nossos afiliados", afirmou Éric Ciotti. 

"A reunião organizada nesta tarde viola flagrantemente os estatutos. Nenhuma das decisões tomadas nesta reunião tem consequências legais. Pode ter consequências penais", escreveu o deputado na rede social X.

Altos dirigentes do LR encarregaram Annie Genevard e o deputado François-Xavier Bellamy a cuidar da "governança" do partido.

Na terça-feira, Ciotti disse à emissora TF1 que "precisamos de uma aliança com [o partido de extrema direita] Reagrupamento Nacional (RN)", mas "sem deixar de sermos nós mesmos".

Ciotti, à frente do tradicional partido de direita que governou a França no passado com os presidentes Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, assegurou que compartilha com o RN de uma visão conjunta dos "valores de direita" e que isto permitiria ao LR "conservar deputados".

As reações de seu partido não demoraram e o líder do LR no Senado, Bruno Retailleau, qualificou a proposta de "pessoal", enquanto seu contraparte na Assembleia Nacional (Câmara Baixa), Olivier Marleix, pediu a demissão de Ciotti.

Até hoje nunca os partidos da chamada direita republicana tinham aceitado fazer coalizões com a extrema direita e, ao contrário, chegaram a chamar a esquerda para formar uma frente comum.

O presidente francês, Emmanuel Macron, surpreendeu a França na noite de domingo com a convocação de eleições legislativas antecipadas, após a vitória da extrema direita francesa nas eleições para o Parlamento Europeu.

Duas primeiras pesquisas sobre as legislativas atribuem ao RN entre 33% e 34% das intenções de voto.

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