Pelo menos onze migrantes morreram e dezenas estão desaparecidos após o naufrágio de duas embarcações em frente à costa da Itália, informaram nesta segunda-feira (17) uma ONG e a Guarda Costeira italiana.
A ONG alemã ResQship anunciou em uma mensagem na rede social X que seu navio de resgate "Nadir" socorreu 51 pessoas que estavam à deriva "em uma embarcação de madeira cheia de água" entre a costa da Líbia e a ilha italiana de Lampedusa.
A organização informou que encontrou dez pessoas mortas debaixo do convés, que estava inundado.
Os sobreviventes são de Bangladesh, Paquistão, Egito e Síria, relatou a agência de notícias ANSA, informando que os migrantes haviam pago cerca de 3.500 dólares (cerca de R$ 19 mil) para viajar na embarcação de cerca de oito metros de comprimento.
A Guarda Costeira italiana anunciou que resgatou 12 pessoas de um veleiro à deriva em frente à Calábria, no sul, mas que um dos sobreviventes morreu durante a operação.
Cerca de 50 migrantes estão desaparecidos após o naufrágio, afirmou a ANSA, enquanto a Rádio Radicale informou que não se sabe o paradeiro de 64 pessoas, que eram procedentes do Afeganistão e Irã.
- Uma perigosa rota migratória -
A Guarda Costeira italiana declarou que o veleiro provavelmente zarpou da Turquia.
O resgate começou depois que um iate francês alertou as autoridades sobre um navio meio afundado a cerca de 120 milhas náuticas da costa e a tripulação conseguiu embarcar os 12 sobreviventes.
Depois, os migrantes foram transferidos para um navio mercante e de lá subiram para o barco da Guarda Costeira, que os levou ao porto de Roccella Jonica.
A busca continua com os dispositivos marítimos e aéreos da Itália e da agência europeia Frontex, acrescentou a Guarda Costeira, sem precisar o número de pessoas reportadas como desaparecidas.
No ano passado, 3.155 pessoas morreram ou desapareceram enquanto cruzavam o Mediterrâneo, em comparação com 2.411 migrantes que morreram no ano anterior tentando chegar à Europa por mar, indicou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A rota do centro do Mediterrâneo é uma das rotas migratórias mais perigosas do mundo e 80% das mortes registradas nas águas desse mar ocorreram nesta área.
A União Europeia adotou recentemente uma ampla reforma para reforçar os controles migratórios em suas fronteiras.
A primeira-ministra de extrema direita da Itália, Giorgia Meloni, que chegou ao poder no final de 2022, prometeu reduzir o número de pessoas que chegam ao país de forma irregular por barco saindo do norte da África.
O governo italiano implementou várias normas para restringir as atividades de barcos de ONGs que resgatam migrantes, acusando-os de incentivar as travessias por mar.
Entre as medidas que entraram em vigor em 2023 está a obrigação de se apresentar ao porto "sem demora" após finalizar um resgate, mesmo que a ONG saiba que há outros migrantes em dificuldades na área.
Além disso, nos últimos meses, são designados portos cada vez mais distantes para muitas embarcações, independentemente das condições meteorológicas.
Segundo números do ministério do Interior da Itália, as chegadas de migrantes por mar diminuíram consideravelmente neste ano, para 23.725 pessoas entre janeiro e 17 de junho, em comparação com 53.902 pessoas no mesmo período de 2023.
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