O nível de poluição no rio Sena ultrapassa os limites previstos para a realização de competições de triatlo e maratona aquática, segundo análises publicadas nesta sexta-feira (21), 35 dias antes do início dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. 

"Até o momento, as amostras colhidas no Sena não correspondem aos padrões", comentou o prefeito regional, Marc Guillaume, durante coletiva de imprensa, embora tenha expressado sua confiança de que as provas previstas poderão ser disputadas nas suas águas.

Segundo o relatório semanal publicado pela prefeitura de Paris e pela prefeitura regional, as más condições meteorológicas dos últimos dias na França explicam o aumento das concentrações de coliformes fecais no rio.

"A qualidade da água continua piorando em consequência das condições hidrológicas e meteorológicas desfavoráveis: chuva, vazão intensa, poucas horas de sol, temperaturas abaixo do normal", explicaram as autoridades locais.

Os fatores citados aumentam a concentração de duas bactérias fecais - enterococos e 'Escherichia coli' -, que superam os níveis máximos tolerados para autorizar as competições de natação nas águas do Sena.

Entre 10 e 16 de junho, o nível de E-Coli superou quase todos os dias 1.000 unidades formadoras de colônia (UFC) para cada 100 ml, o limite máximo aceito pelas federações internacionais de triatlo e natação (maratona aquática).

E tudo isso apesar de as autoridades terem investido 1,4 bilhão de euros (8 bilhões de reais) para permitir o banho no Sena e no seu principal afluente, o Marne.

- Nuvens escuras no horizonte -

O Sena é um dos símbolos dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, que esperam deixar como legado a possibilidade de nadar em suas águas. Mas à medida que o evento se aproxima, aumenta a incerteza sobre a possibilidade de organizar os eventos-teste no rio.

As previsões meteorológicas para as próximas duas semanas, no início do verão boreal (hemisfério Norte), também não convidam ao otimismo, com tempo chuvoso até 5 de julho, segundo a agência pública Météo France.

As provas de teste previstas para agosto de 2023 foram canceladas em grande parte devido à má qualidade das águas e, recentemente, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, adiou o nado simbólico no rio para 15 de julho. O evento estava programado inicialmente para 23 de junho.

Apesar da incerteza, o Plano B dos organizadores não envolve, ao menos até o momento, a mudança do local das provas de triatlo e maratona aquática em caso de fortes chuvas, e sim adiá-las por alguns dias.

Mas, além da qualidade da água, o forte caudal do rio, em consequência das chuvas, poderá inclusive afetar a cerimônia de abertura marcada para 26 de julho ao longo do Sena, a primeira fora de um estádio olímpico. 

"Se o fluxo for muito forte, representará um sério problema para a cerimônia de abertura", disse à AFP o hidrólogo Jean-Marie Mouchel, enquanto o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos (Cojo) disse não estar preocupado. 

Um ensaio geral está marcado para a próxima segunda-feira (24).

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