A Rússia anunciou nesta segunda-feira (24) o fim das operações antiterroristas no Daguestão, região do Cáucaso, onde homens armados atacaram uma sinagoga e igrejas ortodoxas na domingo e mataram pelo menos 19 pessoas, incluindo 15 policiais.

 

"Segundo os dados iniciais, 15 agentes das forças de segurança morreram, assim como quatro civis, incluindo um clérigo ortodoxo", afirmou o Comitê de Investigação da Rússia em um comunicado.

 

Durante a operação antiterrorista, "cinco pessoas" foram mortas e suas identidades foram estabelecidas, acrescenta o comunicado, sem explicar se todos os criminosos foram eliminados. As motivações ainda não foram determinadas pelos investigadores.

 



 

Os ataques, classificados como "terroristas" pelas autoridades russas, aconteceram três meses após o atentado reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) no Crocus City Hall, uma casa de espetáculos a alguns quilômetros de Moscou.

 

O atentado de 22 de março deixou mais de 140 mortos e reavivou a ameaça do terrorismo islamista no país.

 

Os ataques de domingo aconteceram na cidade costeira de Derbent e em Makhachkala, capital do Daguestão, uma região russa de maioria muçulmana que fica ao lado da Chechênia e faz fronteira com a Geórgia e o Azerbaijão.

 

A república russa do Daguestão é cenário frequente de operações antiterroristas.

 

O Comitê de Investigação informou que os ataques aconteceram em "duas igrejas ortodoxas, uma sinagoga e um posto policial".

 

 

A operação das forças de segurança foi concluída na manhã de segunda-feira após a "neutralização das ameaças à vida e à saúde dos cidadãos", destacou o Comitê Antiterrorista Russo.

 

O líder da república do Daguestão, Sergey Melikov, afirmou algumas horas antes que "seis bandidos" foram mortos durante a operação e deu a entender que os ataques foram planejados "no exterior".

 

Representantes judeus, incluindo o Congresso Judaico Russo, informaram que uma segunda sinagoga também foi incendiada.

 

- "Guerra" -

 

Malikov declarou no domingo, que "pessoas não identificadas tentaram desestabilizar a sociedade".

 

"Sabemos quem está por trás destes atentados terroristas e qual objetivo perseguem", acrescentou Malikov, sem esclarecer a quem se dirigia no discurso, mas com uma referência ao conflito na Ucrânia.

 

"Temos que entender que a guerra também chega às nossas casas. Nós sentimos, mas hoje vivemos a guera", afirmou.

A Rússia iniciou uma ofensiva na Ucrânia em fevereiro de 2022.

 

 

Entre os mortos está um clérigo de 66 anos da Igreja Ortodoxa russa de Derbent, segundo as autoridades.

 

Homens armados também abriram fogo contra um veículo que transportava policiais em Sergokala, uma cidade entre Makhachkala e Derbent, informou o Ministério do Interior do Daguestão. Um agente ficou ferido.

 

As autoridades não informaram se os indivíduos armados eram os mesmos que executaram os ataques em Makhachkala.

 

- Três dias de luto -

 

O governo do Daguestão decretou três dias de luto a partir desta segunda-feira.

 

O aeroporto de Makhachkala foi cenário de distúrbios em outubro, quando uma multidão invadiu as pistas do terminal após o pouso de um avião procedente de Israel.

 

O tumulto aconteceu em 29 de outubro, poucas semanas após o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada por um ataque do movimento islamista palestino no sul do território israelense em 7 de outubro.

 

A Rússia já foi alvo de vários atentados e ataques reivindicados pelo grupo jihadista EI, embora sua influência continue limitada no país.

 

Além do atentado contra o Crocus City Hall em março, vários membros do EI morreram no fim de semana passado depois que tomaram dois agentes penitenciários como reféns em uma prisão no sul da Rússia, segundo as autoridades.

 

A Rússia enfrentou uma rebelião islamista no início da década de 2000 no Cáucaso, um movimento nascido do primeiro conflito contra a Chechênia separatista de 1994-1996.

 

A rebelião foi esmagada pelas forças federais russas e nos últimos anos foram registrados poucos incidentes armados na região.

 

Quase 4.500 russos, muitos deles do Cáucaso, lutaram ao lado do EI no Iraque e na Síria, segundo dados oficiais.

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