O arcebispo da cidade espanhola de Burgos pediu, nesta segunda-feira (24), a dez freiras clarissas excomungadas, e em rebelião aberta contra o Vaticano, que deixem seu convento. 

"Dada a excomunhão e a expulsão da vida consagrada, as dez freiras não têm nenhum título legal para permanecer nos mosteiros e edifícios anexos, portanto, terão que deixá-los", disse Dom Mario Iceta em uma coletiva de imprensa na cidade do norte da Espanha, dois dias após a excomunhão oficial das freiras.

"Se não houver saída voluntária em um futuro próximo, os serviços jurídicos não terão outra escolha a não ser iniciar uma ação legal", advertiu o arcebispo, sem dar um prazo às freiras. 

"Não estabelecemos um prazo, um prazo prudencial, não queremos agir precipitadamente, queremos ser muito respeitosos e esperamos que elas percebam que, como não são mais freiras, não pertencem aos mosteiros e não deveriam estar naquele lugar", acrescentou.

Essas dez irmãs vivem no convento de Santa Clara na cidade de Belorado, um local do século XV no coração de um povoado de 1.800 habitantes a 50 quilômetros de Burgos. 

As religiosas decidiram em meados de maio abandonar a Igreja e se colocar sob a autoridade de um sacerdote excomungado, Pablo de Rojas Sánchez-Franco. 

O assunto eclodiu em um contexto de disputa pela propriedade e acusações de pertencimento a uma seita. 

Fundador da "Pia União de São Paulo Apóstolo", Pablo de Rojas Sánchez-Franco da Igreja Católica em 2019, afirma pertencer ao "sedevacantismo", movimento que considera hereges todos os papas que sucederam Pio XII (1939-1958). Segundo o arcebispo de Burgos, ele e outra não identificada estão no convento há cerca de um mês. 

Foi a anulação da compra de um convento no País Basco espanhol que desencadeou o conflito. Em 2020, as freiras chegaram a um acordo com o bispado vizinho de Vitória para comprar o convento de Orduña, mas a venda acabou fracassando. A transação foi "bloqueada por Roma", disseram as religiosas. 

Também afirmam ser perseguidas por sua hierarquia. 

No início de junho, o arcebispo de Burgo, a quem o Vaticano pediu que tratasse do assunto, enviou vários representantes, acompanhados de um agente judicial, para exigir, em vão, a entrega das chaves de seu convento. 

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