Os maiores de 60 anos têm sido um eleitorado fundamental para o presidente centrista Emmanuel Macron na França, mas, poucos dias antes do primeiro turno das eleições legislativas, estão cada vez mais seduzidos pela extrema direita. 

"Estou farto da imigração", exclama Philippe Antich, um eleitor de 61 anos, para justificar a sua intenção de votar no Reagrupamento Nacional (RN), de extrema direita, que lidera as pesquisas sobre as legislativas de 30 de junho e 7 de julho. 

Antich também está preocupado com "o poder de compra e todas as leis que Macron criou", como a sua impopular reforma da Previdência que em 2023 aumentou a idade da aposentadoria para 64 anos. 

Além destas preocupações, analistas explicam que estabilidade, segurança e direitos de sucessão são questões importantes para esta faixa etária, que representa um terço dos eleitores e vota com mais frequência. 

Segundo uma pesquisa recente da consultoria Ipsos, 71% das pessoas entre 60 e 69 anos, e 77% dos maiores de 70 anos, pretendem votar no domingo, 30 de junho, no primeiro turno. Em comparação, apenas 43% dos jovens entre 18 e 24 anos planejam ir às urnas.

- Mais respeitável -

"Os idosos são um eleitorado que vota, por isso é um eleitorado que importa", especialmente para a aliança centrista de Macron, que "geralmente obtém excelentes resultados" nesta faixa etária, explica Pierre Latrille, analista da Ipsos. 

Mas, tal como aconteceu nas eleições europeias de 9 de junho, o RN está conquistando esta faixa etária que até agora relutava em votar no partido. 

Assim como Antich, 35% das pessoas com mais de 60 anos afirmam que votarão em um de seus candidatos, segundo a pesquisa da Ipsos. 

A crescente popularidade do RN entre os idosos se deve aos seus "esforços para se apresentar de maneira mais respeitável", acrescenta Latrille. 

Por exemplo, o partido renunciou deixar o euro, o que "preocupava este eleitorado" que procura "estabilidade". 

Outras preocupações dos idosos na França são os serviços públicos, o sistema nacional de saúde, a luta contra o terrorismo e a criminalidade, enumera Mickaël Blanchet, pesquisador da Universidade de Angers. 

"Estão mais expostos a assaltos e sentem-se mais vulneráveis. Também estão preocupados com os direitos de herança, porque três quartos dos aposentados são proprietários", destaca. 

Apesar disso, 29% dos maiores de 70 anos afirmam que pretendem votar no partido do presidente, dez pontos acima da média nacional. 

Macron, cujo mandato termina em 2027, provocou um terremoto político na França com a inesperada antecipação eleitoral, que poderá forçá-lo a dividir o poder com um governo de outra tendência política. 

O RN, de extrema direita, e seus aliados lideram as pesquisas de intenção de voto no primeiro turno, com 36%, segundo a consultoria Ifop, seguido pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (29,5%) e pela aliança centrista de Macron (20,5%).

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