As guerras na Ucrânia e em Gaza, assim como a relação com a China e o futuro da Otan, estarão presentes no debate televisivo de quinta-feira (26) entre Joe Biden e Donald Trump, dois candidatos presidenciais com visões e personalidades diametralmente opostas. 

O democrata de 81 anos lembra que conheceu Golda Meir, a primeira mulher a liderar Israel, e gaba-se de que durante o seu mandato os Estados Unidos "voltou" à cena internacional após os anos de isolacionismo do republicano Donald Trump (2017-2021). 

Mas este último insiste que os Estados Unidos nunca foram tão desrespeitados. Alega uma "invasão" de migrantes em um mundo, segundo ele, "em chamas", da Ucrânia ao Oriente Médio.

Este é o resumo das suas posições sobre alguns temas importantes, faltando menos de cinco meses para as eleições presidenciais de 5 de novembro.

- Apoio à Ucrânia -

O presidente democrata liderou uma coalizão de países que apoiam a Ucrânia após a invasão russa em fevereiro de 2022. Visitou pessoalmente Kiev em 2023. 

A sua estratégia é opor-se ao envio de tropas terrestres, mas fornecer apoio maciço ao país para que este possa defender-se da Rússia de Vladimir Putin, a quem ele chama de "tirano brutal". 

Por outro lado, o magnata republicano, de 78 anos, que no passado disse ser um admirador de Putin, usou a sua influência sobre os republicanos no Congresso para bloquear durante meses um pacote de 61 bilhões de dólares em ajuda militar a Kiev. No final, o pacote foi adotado. 

Trump afirma que se vencer as eleições, acabará com a guerra. "Vou resolver isso antes de entrar na Casa Branca, como presidente eleito, vou resolver. Tem que parar", disse ele durante um comício recente. E acrescentou: "Putin nunca teria feito isso comigo".

- Guerra em Gaza, Irã -

Na mesma linha, Trump assegura que o ataque dos comandos do grupo islamista palestino Hamas contra Israel não teria ocorrido se ele estivesse no comando da Casa Branca. 

"Jamais teria havido um 7 de outubro em Israel", disse ele no comício. 

O conservador acusa Biden de ter abandonado Israel, apesar de o presidente ter demonstrado um apoio quase inabalável desde o início da guerra, para além das suas reservas sobre a estratégia do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. 

O presidente americano também ordenou, pela primeira vez, o envolvimento direto dos EUA na defesa de Israel durante o ataque do Irã em 13 de abril. 

Donald Trump acusa Joe Biden de ter permitido que o Irã, inimigo jurado dos Estados Unidos, "ficasse rico" apesar das sanções. 

Trump se retirou do acordo nuclear de grandes potências com o Irã, assinado durante a administração de Barack Obama.

- Rivalidade com a China -

Quanto à China, ambos consideram o país o principal rival estratégico dos Estados Unidos e em alguns aspectos Biden aplicou a mesma política econômica protecionista do seu antecessor. 

O presidente democrata é favorável a estabilizar a relação com Pequim e geri-la de forma "responsável", enquanto o republicano considera a China um inimigo e defende uma política mais rígida.

- Otan -

Neste tópico o contraste é abismal. 

Biden felicita-se por ter restabelecido as alianças dos Estados Unidos, inclusive dentro da Otan, e Donald Trump ameaça retirar-se da organização. 

Biden quer uma Aliança "mais forte do que nunca" em resposta à invasão russa da Ucrânia e Trump provocou indignação ao dizer que encorajaria Vladimir Putin a "fazer o que quiser" se um país membro da Otan não respeitar os seus compromissos financeiros com a organização.

- Multilateral ou unilateral -

O primeiro mandato de Trump foi marcado pela ruptura com acordos multilaterais como o acordo climático, a construção dos primeiros trechos de um muro na fronteira com o México para tentar impedir a entrada de migrantes, a imposição de tarifas alfandegárias e reuniões com dirigentes condenados ao ostracismo pela maioria dos líderes mundiais, como com Kim Jong Un da Coreia do Norte. 

Com Joe Biden ocorre o oposto: fortalecimento das alianças dos EUA, particularmente na Ásia-Pacífico. 

Um veterano da diplomacia americana, Kurt Campbell, número dois do Departamento de Estado, resume a diferença de abordagem desta forma: a administração Biden está "determinada a trabalhar com aliados e parceiros", enquanto Trump é um adepto dos "Estados Unidos em primeiro lugar".

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