O Ministério das Relações Exteriores da Rússia condenou "veementemente" nesta quinta-feira (27) a tentativa de golpe de Estado na Bolívia e expressou seu "apoio total e inabalável" ao presidente Luis Arce.

"Condenamos firmemente a tentativa de golpe de Estado militar", afirmou a diplomacia russa em comunicado.

Soldados e tanques sob o comando do chefe das Forças Armadas da Bolívia, o general Juan José Zúñiga, tentaram derrubar a porta do palácio presidencial em La Paz na quarta-feira.

O presidente de esquerda confrontou pessoalmente o militar e ordenou que ele retornasse aos quartéis, conforme mostra em um vídeo divulgado pela presidência.

Zúñiga recusou, mas minutos depois deixou o local e suas tropas se retiraram após mais de três horas, quando Arce nomeou um novo comando militar.

O general foi destituído, preso e pode ser condenado a até 20 anos de prisão por terrorismo e insurreição armada, de acordo com o Ministério Público.

O Ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, também expressou sua "solidariedade à Bolívia, um país irmão e um parceiro confiável e estratégico", afirmou outro comunicado ministerial emitido pro Moscou.

"As duas partes reafirmaram seu compromisso com todos os acordos alcançados durante a reunião em junho dos presidentes russo e boliviano em São Petersburgo", acrescentou o documento.

O porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, alertou para qualquer "interferência de países terceiros" nos assuntos internos da Bolívia.

No início de junho, Arce se encontrou com o presidente russo Vladimir Putin durante o fórum econômico de São Petersburgo.

Esta visita foi uma das poucas realizadas por um chefe de Estado estrangeiro à Rússia desde o início da ofensiva militar de Moscou contra a Ucrânia em fevereiro de 2022.

Putin expressou durante o fórum sua satisfação pela cooperação com o país andino no setor de alta tecnologia.

A gigante nuclear russa Rosatom "está construindo um centro de pesquisa e tecnologia nuclear em El Alto, perto de La Paz", afirmou o presidente russo.

Em meio ao conflito na Ucrânia, a Rússia busca manter e desenvolver suas relações diplomáticas e econômicas com o "Sul global", com o objetivo de tentar contrapor o peso das potências ocidentais, que fornecem apoio financeiro e militar a Kiev.

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