SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Argentina, Javier Milei, rejeitou pedir desculpas ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em vez disso, chamou o petista de "esquerdinha" com "o ego inflado". As declarações foram dadas nesta sexta-feira (28/6).

 

"É preciso colocar-se acima dessas bobagens porque os interesses dos argentinos e dos brasileiros são mais importantes do que o ego inflado de algum esquerdinha", afirmou Milei à emissora LN+, do jornal La Nacion sobre o pedido de Lula.

 

 

Nessa quarta-feira (26/6), Lula afirmou que seu homólogo argentino deveria pedir desculpas pela quantidade de bobagem dita sobre o brasileiro e condicionou uma conversa entre os dois a um pedido de desculpas.

 

As afirmações foram feitas em uma entrevista ao vivo ao portal UOL. Na ocasião, o petista foi questionado sobre não ter cumprimentado Milei durante a reunião do G7, na Itália, há duas semanas. "Não conversei com o presidente da Argentina, porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele falou muita bobagem. Só quero que ele peça desculpas", afirmou o presidente.

 



 

"A Argentina é um país que eu gosto muito e é um país muito importante para o Brasil. E o Brasil é muito importante para a Argentina. Não é um presidente da República que vai criar uma cisão. O povo argentino e brasileiro é maior que os seus presidentes. E eles querem viver bem, viver em paz", declarou Lula.

 

 

Em entrevista coletiva no mesmo dia, o porta-voz de Milei, Manuel Adorni, já havia dito que os dois líderes se encontraram no G7 de forma casual e se cumprimentaram cordialmente, "como devem fazer dois presidentes de duas nações". Na ocasião, Adorni afirmou ainda respeitar a opinião de Lula, mas declarou que Milei "não cometeu nada de que tenha que se arrepender, ao menos por ora".

 

Os atritos entre Lula e Milei são antigos. Durante a corrida eleitoral argentina, Milei chegou a dizer em entrevistas que não se reuniria com Lula como chefe de Estado. Ele o chamou de comunista e corrupto e mencionou o tempo em que o brasileiro esteve na prisão.

 

 

O PT declarou apoio público ao adversário de Milei, o então "superministro da Economia" Sergio Massa, candidato do peronismo. Lula, em março passado, mencionou nominalmente Milei ao falar sobre o risco da democracia no Brasil e em outros países.

 

Em novembro de 2023, em passagem por Brasília, a então indicada a chanceler argentina, Diana Mondino, trouxe uma carta na qual Milei convidava Lula para sua posse, em 10 de dezembro. Lula não foi à cerimônia. Como seu representante, enviou Mauro Vieira.

 

 

Em abril, Mondino, já empossada na chefia da diplomacia argentina, voltou ao Brasil e trouxe uma nova carta de Milei a Lula na qual defendia a manutenção de uma boa relação bilateral entre os dois países. Tampouco houve avanço para um encontro bilateral.

 

Há pelo menos mais dois eventos internacionais neste ano em que Milei e Lula podem se encontrar, ao menos no contexto de cúpula com outros chefes de Estado. Uma é a reunião dos líderes do Mercosul, em julho, no Paraguai, para a qual ambos estão confirmados até o momento. A outra é o G20, em novembro, no Rio.

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