O desempenho desastroso de Joe Biden frente a Donald Trump na quinta-feira (27) alimentou especulações sobre a possibilidade de o presidente democrata de 81 anos, que se apresenta como candidato às eleições em novembro, desistir da disputa. 

Este cenário, atualmente muito improvável, lançaria os Estados Unidos em um período de grande incerteza.

- Por quê? -

Joe Biden, o presidente americano mais velho em exercício, perdeu uma oportunidade única para tranquilizar milhões de eleitores sobre sua condição física e de saúde durante o primeiro debate da campanha. 

No palco, o líder democrata frequentemente parecia confuso, deixando frases incompletas e se atrapalhando. Logo após o programa, vários democratas anônimos pediram em entrevistas que ele renunciasse. 

"Ele teve uma noite muito ruim ontem. A questão agora é se isso o desqualificará para os próximos quatro anos", disse nesta sexta-feira a senadora democrata Jeanne Shaheen. "Isso terá que ser determinado". 

Biden frequentemente repete que é o candidato mais capaz de derrotar Donald Trump, apesar das pesquisas mostrarem que sua idade desencoraja os eleitores. 

"Já não ando com tanta facilidade como antes, não falo com tanta fluidez como antes, não debato tão bem como antes", mas "posso fazer este trabalho", disse Biden em um comício na Carolina do Norte. 

O líder recebeu um forte apoio de Barack Obama, que ainda é uma das vozes mais respeitadas do Partido Democrata. "Noites de debates ruins acontecem", disse ele.

- Como? -

Se Biden decidisse desistir, o processo para substituí-lo seria um pouco técnico. O presidente já foi nomeado candidato presidencial democrata em uma série de primárias realizadas entre janeiro e junho. 

Portanto, teoricamente, ele deverá ser oficializado na convenção do partido em Chicago. 

Se Biden abandonasse a corrida antes desta convenção, prevista para meados de agosto, a palavra final caberia aos delegados do partido, 3.900 pessoas com perfis muito variados. A maioria delas é desconhecida do público. 

Seria então uma "convenção onde tudo é permitido", já que cada lado tentaria promover seu candidato, prevê Elaine Kamarck, pesquisadora do Brookings Institute, em uma nota recente. 

Um cenário mais ou menos similar ocorreu para os democratas em 31 de março de 1968, quando o presidente Lyndon B. Johnson anunciou publicamente que não buscaria um segundo mandato durante a guerra do Vietnã. 

E se Biden desistisse entre a convenção e as eleições? O "comitê nacional" do partido realizaria uma sessão extraordinária para nomear o candidato.

- Quem? -

Biden designou a vice-presidente Kamala Harris para fazer campanha com ele, mas não há nenhuma regra que determine que o companheiro de chapa substitua automaticamente o titular. 

Na quinta-feira, Harris reconheceu que Joe Biden foi "lento no começo", mas "terminou forte". 

Em nenhum momento ela mencionou a possibilidade de substituí-lo. 

Harris, a primeira mulher e primeira vice-presidente afro-americana, poderia ter rivais entre a nova geração do partido. 

Como o governador da Califórnia, Gavin Newsom, que tem apoio entre os democratas. Mas Newsom considerou que estas "conversas" "não são boas" para a democracia. 

Também são cogitados os nomes da governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, e do governador da Pensilvânia, Josh Shapiro.

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