Representantes do governo talibã do Afeganistão participam pela primeira vez em negociações organizadas pelas Nações Unidas em Doha, depois de terem rejeitado o convite para uma rodada anterior, disse um porta-voz da ONU neste domingo (30).

A reunião de dois dias no Catar é a terceira do gênero realizada no pequeno e rico emirado em pouco mais de um ano, mas a primeira a incluir as autoridades talibãs que tomaram o poder no Afeganistão em 2021. 

"As negociações preparatórias começaram e a ONU reuniu-se separadamente com muitos dos enviados especiais presentes e com representantes dos talibãs", disse à AFP o porta-voz, que pediu para não ser identificado. 

Espera-se que funcionários da ONU e mais de 20 enviados, incluindo o representante especial dos Estados Unidos no Afeganistão, se reúnam com a delegação do governo talibã, liderada pelo porta-voz Zabihullah Mujahid. 

Estas negociações, lançadas pela ONU em maio de 2023, buscam aumentar a coordenação internacional com as autoridades talibãs e abordarão questões econômicas e a luta contra o tráfico de drogas, segundo fontes diplomáticas.

A comunidade internacional debate como abordar o governo talibã, ainda não reconhecido oficialmente por nenhum outro Estado, especialmente devido às restrições que impôs às mulheres desde que assumiu o poder, descritas como "segregação de gênero" pela ONU. 

Os talibãs não foram convidados para a primeira rodada de negociações em Doha no ano passado e rejeitaram o convite para a segunda em fevereiro, exigindo serem os únicos representantes afegãos. 

A condição foi cumprida nesta rodada e os representantes da sociedade civil foram excluídos. Eles participarão de outras reuniões na terça-feira, após as negociações oficiais. 

Zakir Jalaly, funcionário da Chancelaria do governo talibã, afirmou que qualquer reunião realizada depois de segunda-feira não terá "nenhuma relação" com a agenda oficial.

Algumas ONGs criticaram duramente a sua exclusão e instaram a ONU a dar prioridade às questões relacionadas com os direitos das mulheres. 

No sábado, Mujahid afirmou que as autoridades afegãs "estão cientes das questões das mulheres", mas defendeu que estas são "questões do Afeganistão".

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