Uma ex-diretora da gigante varejista Americanas suspeita de estar envolvida em uma fraude bilionária retornou ao Brasil nesta segunda-feira (1º) e teve seu passaporte retido, informou a Polícia Federal (PF).

A corporação afirmou em comunicado que realizou "a retenção do passaporte de uma das principais investigadas na operação Disclosure", lançada na última quinta-feira contra vários ex-diretores da empresa Americanas.

No âmbito desta investigação, a Justiça Federal emitiu um mandado de prisão contra a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali, que estava no exterior.

A PF informou no comunicado que "após o retorno da investigada ao Brasil", pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, "o pedido de prisão foi convertido em medida cautelar para impedir sua saída do país" e que "seu nome foi excluído da lista de pessoas procuradas pela Interpol".

De acordo com a imprensa nacional, Saicali estava em Portugal.

Pelo mesmo caso, foi emitido outro mandado de prisão contra o ex-presidente da Americanas, Miguel Gutierrez, que vive atualmente na Espanha.

A Polícia Federal informou na sexta-feira que o ex-presidente da empresa, que possui dupla nacionalidade brasileira e espanhola, havia sido "detido" em Madri.

Mas seus advogados disseram depois que Gutierrez "compareceu espontaneamente" à polícia para "prestar esclarecimentos solicitados" e que ele permanece em liberdade, "em sua residência em Madri", cujo endereço é conhecido pelas autoridades de ambos os países.

Sua defesa também afirmou que o ex-presidente "nunca participou nem teve conhecimento de qualquer fraude".

Segundo a PF, "o maior golpe na história do mercado financeiro brasileiro" resultou em um buraco contábil de 25,3 bilhões de reais.

A Americanas, que atualmente possui mais de 1.700 lojas no Brasil, declarou na quinta-feira que foi "vítima de fraude por parte de sua antiga administração, que manipulou conscientemente os controles internos".

O escândalo eclodiu em janeiro de 2023, quando a empresa relatou "inconsistências" em suas contas no valor de bilhões de dólares, relacionadas especialmente a operações de financiamento de compras que não estavam "adequadamente refletidas".

O valor das ações da Americanas despencou imediatamente na bolsa de valores e a empresa entrou em processo de recuperação judicial.

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