Quase toda a população de Gaza está em uma "situação de emergência alimentar ou catastrófica", alertou nesta quarta-feira (3) o chefe do escritório da ONU para a coordenação de assuntos humanitários nos Territórios Ocupados, que chamou a situação de "inaceitável".
"Noventa e seis por cento da população de Gaza está em situação de emergência alimentar ou catastrófica", disse Andrea De Domenico, chefe do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) nos Territórios Ocupados, em uma coletiva de imprensa em Jerusalém para a imprensa credenciada pela ONU em Nova York.
"Isso é simplesmente inaceitável", disse ele, antes de lembrar que "a assistência humanitária é uma obrigação que deve ser respeitada por todas as partes" do conflito que Israel vem travando contra os grupos armados palestinos na Faixa de Gaza desde os ataques terroristas do Hamas ao território israelense em 7 de outubro.
Segundo ele, é "o único lugar no mundo onde as pessoas não conseguem encontrar um lugar seguro e não podem deixar a linha de frente". "Ninguém está seguro em Gaza", disse ele.
"Todo o território é uma linha de frente" da qual os 2,1 milhões de palestinos atualmente no local não conseguem escapar, lamentou ele, lembrando que pelo menos "9 em cada 10 pessoas em Gaza foram deslocadas pelo menos uma vez". No total, 1,9 milhão de pessoas.
"Ambos (israelenses e movimentos armados palestinos) contribuem para o sofrimento e os danos que temos visto no local e constantemente os exortamos a assumir suas responsabilidades", disse.
A população precisa de água, abrigo, alimentos, assistência médica, higiene e proteção e, em particular, de combustível, para fornecer muitos desses serviços.
Para o funcionário, que não escondeu sua frustração, "o verdadeiro problema é político. Não há solução logística para um problema político, o que se reflete na falta de lei e ordem", disse ele.
De Domenico lembrou que dos US$ 3,4 bilhões (19,2 bilhões de reais) que a organização precisa para a operação humanitária em Gaza, apenas 35% foram recebidos.
"Não conseguiremos ampliar nossas operações para o nível necessário a menos que esses recursos sejam mobilizados", enfatizou.
A guerra entre Israel e o Hamas começou após o ataque do movimento palestino ao sul de Israel em 7 de outubro, que matou 1.195 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números israelenses.
Os milicianos também fizeram 251 reféns, 116 dos quais permanecem em Gaza, incluindo 42 que teriam morrido, de acordo com o Exército israelense.
Pelo menos 37.925 habitantes de Gaza morreram na ofensiva israelense, a maioria deles civis, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza.
"Nessa encruzilhada, tanto a ONU quanto seus parceiros precisam reiniciar suas operações" e a população precisa se reinventar e ser capaz de lidar com condições "além da imaginação", concluiu.
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