As liberdades estão diminuindo na Venezuela à medida que se aproximam as eleições de 28 de julho, nas quais o presidente Nicolás Maduro está buscando um terceiro mandato, alertou o alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, nesta quarta-feira (3).

Turk disse ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que seu escritório havia documentado no ano passado "um aumento nas ameaças, assédio e ataques contra atores da sociedade civil, jornalistas, sindicalistas e outras vozes consideradas críticas".

"Lamento que as restrições ao espaço cívico estejam aumentando", disse ele, em comentários que foram criticados pelo embaixador da Venezuela em Genebra.

Em seu relatório sobre a situação na Venezuela, Turk detalhou que as prisões e os processos aumentaram, com 38 casos de detenção arbitrária no ano passado, de pessoas detidas por períodos variados e cujo paradeiro foi ocultado de suas famílias e advogados.

Todos esses casos de "desaparecimentos forçados devem ser investigados e essa prática deve acabar", disse ele.

Ele também expressou preocupação com o projeto de lei que tem como alvo as organizações não governamentais e seu financiamento, assim como com uma nova lei "antifascista" que os críticos alertam que será usada para assediar ainda mais a dissidência.

Vários países expressaram preocupação com a situação na Venezuela e o representante da UE no Conselho condenou, em particular, a decisão de Caracas de "retirar seu convite para uma missão de observação eleitoral da UE".

O embaixador venezuelano, Alexander Yáñez, rebateu que o relatório do alto comissário foi "baseado em informações politicamente motivadas" e que minimizou os danos causados pelas sanções "criminosas" dos EUA.

"Enquanto esse comportamento de agressão contra a Venezuela continuar", disse Yanez a Turk, "será muito difícil restabelecer a cooperação com seu escritório, como queríamos".

Maduro busca um terceiro mandato de seis anos em uma eleição em que a maioria das pesquisas dá uma vantagem à oposição liderada por Maria Corina Machado e seu candidato, Edmundo Gonzalez.

A presença contínua de Machado na cédula eleitoral está ameaçada por um processo na Suprema Corte contra o partido que a apoia.

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