O partido surgido da extinta guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pediu ao ex-presidente uruguaio José Mujica apoio para destravar a implementação do acordo de paz na Colômbia, em uma reunião nesta quarta-feira (3) em Montevidéu que também contou com participação do ex-presidente colombiano Ernesto Samper.

Mujica, ex-guerrilheiro que governou o Uruguai de 2010 a 2015 e fiador do acordo firmado em 2016 entre as Farc e o Estado colombiano, recebeu das mãos de Juan Manuel Gómez, delegado do Partido Comuns, uma carta com propostas para concretizar o acordado, informou à AFP o escritório de Samper.

No documento, os desmobilizados das Farc afirmam que passaram "quase oito anos de trabalho incansável para materializar para as pessoas comuns o conjunto de ações deste Acordo", mas "dificuldades e tropeços" impedem a "paz total".

"A guerra irregular que caracterizou a sociedade colombiana adquire cada vez mais sinais de degradação moral e política, tornando mais complexas as possibilidades de uma solução pelas vias do diálogo e da negociação", adverte o texto dirigido a Mujica.

Diante disso, o Partido Comuns solicitou ao ex-presidente uruguaio que impulsione três propostas que preveem apresentar nas próximas semanas ao Conselho de Segurança da ONU: criar um alto órgão colegiado para cumprir o acordo, dotar o plano-quadro de mais financiamento, e estender o prazo para a implementação para os três próximos governos.

"Estamos seguros de que não existem mãos melhores que as suas para depositar nossa mensagem", afirmam a Mujica os ex-combatentes das Farc.

O Partido Comuns publicou em suas redes sociais fotos da visita de Gómez e do ex-presidente Samper (1994-1998), nas quais se vê Mujica recebendo a carta e uma placa comemorativa do seu aporte à construção da paz.

Graças ao acordo de paz de 2016, cerca de 13 mil combatentes e colaboradores das Farc foram reincorporados à vida civil, alguns para se dedicarem à política no Partido Comuns.

Contudo, dissidentes que não aderiram ao pacto continuam sendo protagonistas da violência, o que impede a Colômbia de superar seis décadas de conflito armado.

Segundo números do Partido Comuns, mais de 400 ex-combatentes das Farc foram assassinados desde a sua desmobilização.

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