A jovem líder do partido Os Ecologistas, que começou sua carreira política em um reduto da extrema direita no norte da França, se tornou uma das principais vozes contra as forças anti-imigração na reta final das eleições legislativas.
Depois que o presidente de centro-direita Emmanuel Macron antecipou o pleito de maneira inesperada no mês passado, Marine Tondelier, de 37 anos, correu contra o tempo para construir uma frente de esquerda contra a extrema direita, apesar dos maus resultados de seu partido nas eleições europeias de junho.
E depois da vitória do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) no primeiro turno das eleições legislativas de 30 de junho, ela defendeu um pacto entre a esquerda e a aliança de Macron para conquistar as cadeiras em jogo e evitar que a maioria absoluta fique com o partido anti-imigração e eurocético na votação decisiva deste domingo.
Com seu inseparável paletó verde, Tondelier têm participado de diversos programas de TV nos últimos dias para alertar sobre o suposto risco que representa uma vitória do partido de extrema direita de Marine Le Pen.
Nesta quinta-feira, ela apareceu até mesmo no canal de direita CNews para pedir a seus telespectadores que impeçam uma maioria absoluta do RN e evitar que o protegido de Le Pen, Jordan Bardella, se torne primeiro-ministro.
"Quero poder dizer que tentei de tudo, porque cada voto vai contar e talvez [...] alguns mudem de opinião", afirmou Tondelier no início da entrevista.
O midiático Bardella, de 28 anos, participou de debates com outros dois homens de destaque da coalizão de esquerda, mas rejeitou um com Tondelier.
"Parece que ele tem medo de debater comigo", declarou na quarta-feira a ambientalista na emissora BMFTV, pouco antes de outra entrevista com Bardella na mesma emissora.
Seu partido ecologista sugeriu que a razão é que ela conhece bem os métodos do RN.
- 'Na ofensiva' -
A líder dos Ecologistas desde o fim de 2022 cresceu na antiga cidade mineradora de Hénin-Beaumont, no norte do país, governada pelo RN desde 2014.
Durante a última década, foi membro da oposição local e, desde 2017, tentou conquistar - sem sucesso - a cadeira de deputada por esse distrito da "outra Marine", Le Pen.
Após se negar a abandonar o distrito onde mantém residência e onde vivem seus pais e avós, ela foi a número dois da candidata da aliança de esquerda no último domingo, que também perdeu para Le Pen.
O senador socialista Alexandre Ouizille, oriundo da mesma região, afirma não se surpreender ao vê-la "na linha de frente contra a extrema direita". "Sempre a vi na ofensiva", acrescenta.
Macron fez uma aposta arriscada ao dissolver a Assembleia Nacional (câmara baixa) semanas antes dos Jogos Olímpicos de Paris, após a vitória do RN nas eleições europeias na França com 31,37% dos votos.
No pleito continental, os ecologistas obtiveram 5,5% dos votos e membros do partido responsabilizaram sua líder por rejeitar uma aliança com outras forças de esquerda, mas as críticas se dissiparam com sua atuação nas legislativas.
O eurodeputado ecologista David Cormand disse que Tondelier era uma política que, "em uma crise, é capaz de subir de patamar".
Um membro do partido de esquerda radical A França Insubmissa, que pediu anonimato, a descreveu cinicamente como uma "sobrevivente milagrosa".
"Deveria estar fora depois do que aconteceu nas [eleições] europeias. Ela pode agradecer a Macron", garantiu.
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