Um emissário israelense chegará nesta sexta-feira (5) ao Catar para iniciar novas negociações sobre um cessar-fogo em Gaza, onde os combates contra o grupo islamista palestino Hamas não cessam há quase nove meses.
O chefe dos serviços de inteligência israelenses (Mosad), David Barnea, dirige-se a Doha depois que o Hamas afirmou ter novas "ideias" para acabar com a guerra no território palestino, desencadeada pela incursão de milicianos islamistas no sul de Israel, em 7 de outubro.
Barnea se reunirá com o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman Al Thani, segundo uma fonte próxima às negociações. A data exata da reunião não foi comunicada.
Os esforços de mediação por parte de Catar, Estados Unidos e Egito enfrentam exigências irreconciliáveis de ambos os lados. Além disso, as trocas diárias de disparos entre Israel e o movimento islamista libanês Hezbollah, na fronteira norte do Estado israelense, alimentam o receio de uma guerra paralela.
O poderoso movimento islamista libanês, aliado ao Hamas, lançou mais de 200 foguetes e drones explosivos contra o norte de Israel na quinta-feira, onde sirenes antiaéreas ecoaram até as Colinas de Golã, um território sírio anexado por Israel.
O Hezbollah, que já tinha disparado uma centena de foguetes na quarta-feira, declarou que os lançamentos faziam parte da resposta à morte de um dos seus comandantes em um bombardeio israelense no sul do Líbano.
Em resposta, o Exército de Israel disse ter atacado instalações de lançamento de mísseis naquela região do Líbano.
"Na dura campanha contra o Líbano, estabelecemos um princípio: quem nos ataca é um homem morto", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante uma visita ao quartel-general da Força Aérea em Tel Aviv.
A guerra também levou a uma intensificação da violência na Cisjordânia ocupada por Israel, onde a Autoridade Palestina anunciou nesta sexta-feira que cinco palestinos morreram em um ataque israelense a Jenin.
- "Para onde ir?" -
No ataque de 7 de outubro no sul de Israel, milicianos do Hamas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
O Exército israelense estima que 116 pessoas permanecem cativas em Gaza, das quais 42 teriam morrido.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já deixou pelo menos 38.011 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governado pelo Hamas desde 2007.
Dezenas de milhares de palestinos deixaram setores do leste de Rafah e Khan Yunis desde segunda-feira, depois que o Exército israelense ordenou uma evacuação.
"Saímos, mas não sabemos para onde ir. É muito difícil, faz muito calor e temos filhos conosco", disse Um Malek Al Najjar, uma mulher que deixou o leste da cidade de Khan Yunis, em ruínas depois de vários meses de batalha.
Desde o início da guerra, pelo menos 9 em cada 10 pessoas em Gaza foram deslocadas pelo menos uma vez, ou 1,9 milhão de pessoas, segundo a ONU.
Testemunhas relataram disparos de artilharia israelense e ataques aéreos em Khan Yunis e Rafah nesta sexta-feira, assim como a incursão de veículos militares. De acordo com o Crescente Vermelho palestino, um homem morreu por disparos de foguetes em Bani Suhaila, a leste de Khan Yunis.
- "Muito trabalho a fazer" -
Os Estados Unidos estimam que Israel e o Hamas têm uma "oportunidade significativa" de chegar a um consenso, afirmou na quinta-feira um alto funcionário dos EUA, que pediu para não ser identificado.
"Isso não significa que o pacto será concluído nos próximos dias" porque há "muito trabalho a fazer em determinadas fases da sua implementação", acrescentou a fonte.
Até agora, as partes em conflito permanecem inflexíveis nas suas posições.
Netanyahu garante que a guerra continuará até "a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns". E o movimento islamista palestino exige um cessar-fogo permanente e uma retirada total de Israel em Gaza.
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