Milhares de opositores clamaram por "mudança", neste sábado (6), durante uma concentração em Barinas, terra natal do falecido Hugo Chávez (1999-2013), padrinho político do presidente Nicolás Maduro, que aspira a um terceiro mandato nas eleições de 28 de julho na Venezuela.

A líder opositora María Corina Machado, protagonista da campanha presidencial, subiu ao palco junto a Edmundo González Urrutia, indicado em seu lugar após uma desqualificação aplicada pela Controladoria, alinhada ao governo, que lhe impediu de se candidatar.

Os dois discursaram para uma multidão eufórica neste estado que foi um bastião do chavismo por mais de duas décadas, até que a oposição venceu as eleições de 2021. 

No entanto, a oposição foi despojada dessa vitória pela inabilitação política do candidato vencedor, Freddy Superlano. Depois, porém, derrotou novamente o chavismo com um novo concorrente, em eleições realizadas em janeiro de 2022.

"Se Barinas pôde, a Venezuela pode", dizia um enorme pedaço de tecido laranja em um prédio ao lado do palco onde González Urrutia e Machado discursaram. A mensagem busca dar um exemplo para as presidenciais.

"Acharam que iriam nos quebrar", afirmou Machado, de 56 anos, ao iniciar o ato, onde a multidão agitava bandeiras da Venezuela, tocava buzinas e exibia cartazes feitos à mão.

"O que estamos vivendo hoje é mágico, é excepcional...", descreveu Machado. "Acharam que poderiam nos derrotar, mas nós derrotamos essa tirania", concluiu em um discurso que mal podia ser ouvido entre os gritos dos presentes.

Machado destacou que agora é "hora de confirmar a vitória nas ruas, com votos". "Estamos prontos para defender os votos", acrescentou a líder, que utiliza seu favoritismo nas pesquisas para apoiar González Urrutia.

- "Isso ninguém pode deter" -

Vários espectadores assistiram ao ato das varandas e telhados de suas casas, gritando slogans em apoio a González e Machado.

"Não quero sair da Venezuela", "Maduro, vá embora", "Todos com Edmundo", "Ninguém pode deter um povo que despertou pela fome de liberdade", diziam alguns dos cartazes.

Patrulhas do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) filmaram participantes e jornalistas que cobriam o evento.

Aclamado assim como Machado, González, um diplomata de 74 anos, afirmou que "sim, é possível alcançar a mudança" nas eleições em que Maduro busca um terceiro mandato consecutivo, com o qual completaria 18 anos no poder.

"Eu me comprometo, com o apoio de todos vocês, a lutar desde o primeiro dia para acabar com esta situação decorrente da negligência e corrupção", declarou González em um breve discurso.

Familiares de opositores detidos durante a campanha também compareceram ao evento. "Meu pai está preso hoje por fazer algo tão simples como lutar pela liberdade", disse a filha de Emil Brandt, um dos mais de 40 ativistas presos.

"Isso ninguém pode deter, façam o que for", assegurou à AFP Carmen Devia, comerciante de 57 anos que esteve no evento com um cartaz com os rostos de González e Machado.

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