Os líderes dos países membros da Otan iniciam, nesta quarta-feira (10), árduas negociações para reforçar o seu apoio à Ucrânia durante uma cúpula histórica em Washington. 

Depois de terem celebrado na terça-feira o 75º aniversário da aliança militar ocidental, se reunirão para discutir as modalidades deste maior apoio à Ucrânia, alvo de bombardeios russos cada vez mais intensos. 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já confirmou na noite de terça-feira que os aliados fornecerão à Ucrânia um total de cinco sistemas de defesa aérea, incluindo quatro baterias do tipo Patriot, mísseis terra-ar especialmente eficazes na interceptação de mísseis balísticos russos. 

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que está em Washington, pede esses sistemas há meses. Na terça-feira, agradeceu aos seus aliados pela sua "forte declaração" de apoio e pediu-lhes que não baixassem a guarda enquanto aguardam os resultados das eleições de novembro nos Estados Unidos. 

Alemanha, Países Baixos, Romênia e Itália também contribuirão.

"É hora de sair das sombras, de tomar decisões firmes, de trabalhar, de agir e não esperar por novembro ou qualquer outro mês", disse o presidente ucraniano em um discurso no Instituto Ronald Reagan, em Washington. 

"A Rússia não vencerá", prometeu enfaticamente Joe Biden, de 81 anos, em um discurso muito aguardado no qual tentou dissipar as dúvidas dos democratas sobre a sua capacidade de ser reeleito nas eleições de novembro. 

A Rússia intensificou nesta semana os seus ataques com mísseis contra a Ucrânia, que deixaram 43 mortos e devastaram o maior hospital infantil do país, em Kiev. Os mísseis russos também destruíram metade da capacidade energética do país. 

Os aliados se comprometeram a fornecer outros mísseis Patriot ou equivalentes "este ano" e "dezenas" de sistemas táticos de defesa aérea "nos próximos meses", segundo o presidente americano.

- A sombra de Trump -

Mais de dois anos depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que "não há opções gratuitas com uma Rússia agressiva como vizinha" e lembrou que "o maior custo e o maior risco seria a Rússia vencer na Ucrânia". 

O discurso foi feito na cerimônia de aniversário no Auditório Andrew W. Mellon, onde o Tratado do Atlântico foi assinado há 75 anos, fundando a organização com o mesmo nome. 

Os chefes de Estado e de Governo chegaram na terça-feira à capital americana, com exceção do presidente francês, Emmanuel Macron, que chegará nesta quarta. 

A cúpula de Washington acontece em um clima de incerteza política nos Estados Unidos, onde Biden tenta reprimir uma rebelião de congressistas democratas que lhe pedem que abandone a corrida para um segundo mandato contra Donald Trump.

A sombra do ex-presidente republicano paira sobre a cúpula. Ele não hesitou em afirmar na sua rede social Truth Social que sem ele "a Otan provavelmente não existiria mais", referindo-se ao fato de durante o seu mandato ter pressionado os países membros a gastarem mais em defesa. 

À noite os dirigentes participarão de um jantar, no qual estarão também os ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos países da Otan. 

O presidente ucraniano se reunirá com congressistas antes de participar de um Conselho Otan-Ucrânia na quinta-feira, último dia da cúpula.

A Ucrânia quer receber um convite formal para aderir à Otan, mas ainda terá que esperar devido à oposição de vários países, incluindo os Estados Unidos.

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