O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse nesta segunda-feira (15) que está disposto a reunir-se com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, dependendo do "conteúdo" das conversas, em resposta a uma tentativa de aproximação por parte do líder turco. 

Os dois países vizinhos cortaram relações diplomáticas no início da guerra civil na Síria, um conflito que eclodiu em 2011, quando uma onda de protestos pacíficos contra o governo de al-Assad foi brutalmente reprimida. 

"Se o encontro (com Erdogan) produzir resultados (...) e servir aos interesses do país, então eu o faria", declarou Assad em resposta a uma pergunta dos jornalistas. 

"Mas o problema (…) está no conteúdo da reunião", acrescentou, considerando que "o apoio ao terrorismo e a retirada do território sírio" das tropas turcas constituem "a essência do problema". 

Assad reafirmou esta posição do seu país em resposta a Erdogan, que disse há poucos dias que poderia convidar o seu homólogo sírio à Turquia "a qualquer momento".

O presidente turco anunciou no sábado o fim iminente da operação militar contra os combatentes separatistas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque e na Síria. 

"Sem discutir a essência do problema, que sentido teria o encontro?", perguntou novamente Assad, afirmando que tal reunião deveria "responder aos interesses" de ambos os países. 

"É necessária uma reunião a qualquer nível", acrescentou, especificando que "alguns mediadores" estavam organizando uma reunião "a nível da segurança".

Desde 2022, a Síria exige que a Turquia retire as suas forças, que controlam duas zonas fronteiriças no norte do país e exercem influência no noroeste – controlado por jihadistas – antes de qualquer encontro e normalização das relações. 

No início dos protestos contra o governo na Síria, a Turquia aconselhou o seu parceiro em Damasco a empreender reformas políticas e depois pediu a renúncia de Bashar al-Assad. 

Em março de 2022, a Turquia fechou a sua embaixada em Damasco e o presidente Erdogan chamou Bashar al-Assad de "assassino" e "terrorista". Ancara acolheu então grupos da oposição política síria e começou a apoiar os rebeldes armados. 

Mas a Turquia insistiu na necessidade de impedir a abertura de um "corredor de terror" – nas palavras de Erdogan – no norte da Síria, onde os curdos estabeleceram uma administração autônoma, rejeitada tanto por Ancara como por Damasco. 

Em agosto de 2022, a Turquia disse pela primeira vez que queria reconciliar a oposição e o governo na Síria, atraindo a ira dos opositores e rebeldes sírios.

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