Cumprindo o roteiro esperado, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros sem alterações na zona do euro nesta quinta-feira(18), e aguarda números mais tranquilizadores sobre a inflação antes do próximo corte, talvez em setembro. 

A taxa sobre depósitos foi mantida em 3,75%, após o corte efetuado na reunião anterior, em junho. 

A taxa de refinanciamento e a taxa sobre empréstimos marginais foram mantidas em 4,25% e 4,50%, respetivamente. 

O conselho presidido pela francesa Christine Lagarde "manterá as taxas de juros oficiais em níveis suficientemente restritivos durante o tempo que for necessário" para que "a inflação volte a atingir sua meta de 2% a médio prazo", segundo um comunicado divulgado nesta quinta-feira. 

Em junho, a inflação na zona do euro, composta por 20 países da UE, foi de 2,5% na taxa anual, um décimo a menos que em maio. 

O chamado núcleo de inflação, que exclui os setores de alimentos e energia, manteve-se, no entanto, no mesmo nível de maio, em 2,9%. 

Os preços dos serviços aumentaram 4,1% na taxa anual em junho e representam a maior contribuição para a inflação. 

Os membros do conselho não anteciparam as futuras decisões de política monetária, que vão depender principalmente da evolução da inflação, mas indicaram um possível novo corte em setembro. 

Em junho, o BCE cortou as taxas de juros em 0,25 ponto percentual, a primeira redução desde 2019. 

O BCE, com sede na cidade alemã de Frankfurt, iniciou um ciclo de aumentos sem precedentes em meados de 2022 para conter o aumento descontrolado dos preços, especialmente da energia e dos alimentos. A inflação atingiu seu auge em outubro de 2022, 10,6%. 

Com a redução de junho, o BCE sinalizou que o ciclo de rigidez monetária iniciado em julho de 2022 terminará. Mas alertou que a situação permanece incerta dada a volatilidade da inflação. 

O conjunto destes dados faz pender a balança "a favor de uma redução (das taxas) em setembro, quando o BCE apresentará novas estimativas de crescimento e inflação", segundo Felix Schmidt, analista do Banco Berenberg. 

O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) ainda não reduziu suas taxas, mas seu presidente Jerome Powell demonstrou otimismo com a desaceleração em junho, reforçando as expectativas de cortes em setembro.

   

- Foco na França - 

Lagarde deve receber uma enxurrada de perguntas - na coletiva de imprensa após o anúncio - sobre a França, onde diferentes tendências políticas tentam formar um governo após as legislativas. 

A França deve agir rapidamente se quiser "restaurar a margem de manobra", disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas. 

A incerteza política poderá exercer pressão sobre os rendimentos dos títulos franceses, o que pode levar a uma intervenção do BCE. 

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