Os estupros no Brasil aumentaram 6,5% no ano passado em comparação a 2022, com uma média de um caso a cada seis minutos, enquanto os homicídios diminuíram pelo terceiro ano consecutivo, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira (18).

O país registrou 83.988 crimes de estupro em 2023, um recorde desde que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) começou a coletar esses dados em 2011 a partir dos registros policiais.

Em seu relatório anual, o FBSP constata um aumento de 91,5% no número de estupros em relação aos índices de 2011, e um aumento praticamente ininterrupto nos últimos 13 anos.

Das vítimas, 88,2% são mulheres e 61,6% são menores de 14 anos. Os agressores dos menores são familiares em 64% dos casos.

O aumento do número de casos registrados nas delegacias demonstra “uma maior conscientização, [...] pessoas mais encorajadas a denunciar”, mas “a gente também não pode ignorar que esse crescimento revela, também, um elevado número de vítimas”, disse à AFP Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP.

Bueno afirmou que os abusos sexuais seguem tendo uma subnotificação importante.

“Quando a gente está falando de criança, é muito comum que essas violências se reproduzam por muito tempo, até que algum responsável, mesmo a escola, identifique essa violência", explicou.

Quanto aos homicídios, o Brasil, com 203 milhões de habitantes, registrou 46.328 em 2023, a primeira marca abaixo dos 47.000 em todo o histórico documentado pelo FBSP. Isso representa uma queda de 3,4% em relação a 2022, o terceiro declínio anual consecutivo no país.

Mas a taxa de homicídios, de 22,8 por 100.000 habitantes, é quase quatro vezes superior à média mundial (5,8 por 100.000) calculada pelas Nações Unidas.

“No Brasil vivem aproximadamente 3% da população mundial, mas o país, sozinho, responde por cerca de 10% de todos os homicídios cometidos no planeta”, diz Renato Sérgio de Lima, presidente do FBSP, citado em um comunicado.

O relatório também enumera 6.393 pessoas mortas durante intervenções policiais em 2023, um pouco menos do que em 2022 (6.429). Destas, 82,7% eram negras e 71,7% tinham entre 12 e 29 anos.

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