O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, expressou sua "preocupação" com a situação na Nicarágua e El Salvador, no fim de uma visita à Guatemala nesta sexta-feira (19).

"Estamos frequentemente em contato com defensores dos direitos humanos da Nicarágua e vítimas de violações dos direitos humanos, mas está claro que este é um tema de preocupação internacional", afirmou Türk em uma coletiva de imprensa.

O alto comissário, que chegou à Guatemala na terça-feira, acrescentou que "infelizmente" não existe "cooperação" entre o governo do presidente Daniel Ortega e seu gabinete, o que "torna muito difícil" o acompanhamento da situação do país, uma vez que pode fazê-lo de forma "remota".

"Claramente a situação na Nicarágua é de grande preocupação", ressaltou, no dia em que o governo de Ortega comemora 45 anos da vitória da Revolução Sandinista.

Ortega, no poder há 17 anos, intensificou a perseguição contra opositores após os fortes protestos de 2018, que deixaram mais de 300 mortos, segundo a ONU.

No caso de El Salvador, onde o presidente Nayib Bukele realiza uma polêmica "guerra" contra as gangues, Türk afirma que a "única forma sustentável de lidar com esta violência é respeitando os direitos humanos".

A "guerra", iniciada em março de 2022, levou à prisão de 81.000 supostos membros de grupos criminosos e reduziu os níveis de violência em El Salvador, mas organizações defensoras dos direitos humanos questionam a detenção de inocentes em meio a um regime de exceção.

"Fica claro que a resposta [à violência] tem que estar alinhada aos direitos humanos internacionais. Temos visto que as prisões que estão ocorrendo são uma preocupação particular para o meu gabinete", acrescentou.

Türk também ressaltou durante sua visita à Guatemala que consegue "ver o compromisso firme" do presidente Bernardo Arévalo, no poder desde janeiro, com o "Estado de direito, a democracia e os direitos humanos". 

"É com satisfação que vejo que a agenda dos direitos humanos faz parte dos programas e atividades do Executivo", acrescentou ao alto comissário, embora tenha alertado que "a democracia continua em perigo" no país devido a grupos que tentam manter o "status quo".

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