O presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou polêmica após fazer piada com a violência contra as mulheres, no momento em que o país registra aumento de estupros.
O comentário foi feito na terça-feira (16) diante de um grupo de ministros e empresários reunidos no Palácio do Planalto, em Brasília, enquanto o presidente elogiava a quantidade de mulheres presentes.
Lula falou do aumento da violência de gênero como uma "notícia triste" e mencionou um estudo segundo o qual essas agressões disparam após partidas de futebol.
"Inacreditável", afirmou na reunião, que estava sendo transmitida ao vivo. E acrescentou, em tom de brincadeira: "Se o cara é corintiano, tudo bem."
Em seus discursos e entrevistas, o petista de 78 anos costuma misturar temas políticos e econômicos com anedotas pessoais, como sua paixão pelo clube paulista.
Seu deslize não passou despercebido. "Além de não ter graça, o comentário de Lula normaliza uma tragédia brasileira que deveria preocupar todo mundo, principalmente o presidente", escreveu a ONG Anistia Internacional no X.
"Pelo menos 10,6 mil mulheres foram vítimas de feminicídio desde 2015", apontou a ONG, acrescentando que, segundo o relatório citado por Lula, as agressões físicas contra mulheres aumentam 21% nos dias de jogos. "Não é engraçado", enfatizou.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), criticado durante seu mandato por comentários considerados misóginos, reagiu ao episódio. "Imagine se qualquer um chega perto de falar os absurdos que este sujeito fala todos os dias?", publicou ele no X, junto com o vídeo da reunião.
O desatino de Lula também caiu mal entre suas próprias fileiras. A deputada Fernanda Melchionna, do PSOL, escreveu no X: "Violência doméstica não é piada!"
Já criticado anteriormente por comentários sobre mulheres e minorias, o presidente 'passou recibo' na quarta-feira, durante um evento com pessoas com deficiência. Lula disse que, por sugestão da primeira-dama Janja, leria suas declarações, "para não falar alguma palavra que" pudesse lhe "criar problema".
O Brasil sofre um aumento da violência contra as mulheres que, no ano passado, registrou em média um estupro a cada seis minutos, um aumento de 6,5% em comparação com 2022, de acordo com um relatório divulgado na quinta-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
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