Pelo menos 174 pessoas morreram e mais de 2.500 foram presas nos últimos dias de violência em Bangladesh ligada a protestos contra um sistema de cotas para contratações públicas, segundo balanços compilados nesta terça-feira (23) pela AFP. 

Entre os mortos estão vários policiais, segundo a contagem baseada em relatórios de hospitais e forças de segurança. 

O que começou como protestos contra as cotas para cargos públicos transformou-se na pior mobilização já enfrentada pela primeira-ministra Sheikh Hasina em 15 anos no poder. 

O grupo estudantil que lidera o movimento suspendeu os protestos por 48 horas na segunda-feira. Seu líder disse que não queria reformas "à custa de tanto sangue". 

Na véspera, o Supremo Tribunal havia reduzido o número de cargos reservados a grupos específicos, incluindo os descendentes dos "combatentes pela liberdade" da guerra de independência de 1971 contra o Paquistão. 

Em resposta aos distúrbios, o governo impôs um toque de recolher obrigatório e enviou soldados para todo o país do sul da Ásia, onde a internet móvel está cortada desde quinta-feira para restringir o fluxo de informação. 

As restrições continuaram em vigor nesta terça-feira, apesar do chefe do Exército afirmar que a situação estava "sob controle". 

A capital, Daca, manteve uma grande presença militar, com bunkers instalados em alguns cruzamentos e estradas importantes bloqueadas com arame farpado. 

Porém, havia mais gente na rua, além de centenas de riquixás, um tipo de transporte a tração. 

"Não dirigi um riquixá nos primeiros dias do toque de recolher, mas hoje não tive alternativa", disse Hanif, motorista de riquixá, à AFP. 

"Se eu não fizer isso, minha família passará fome." 

A resposta das autoridades aos protestos foi duramente criticada. O Nobel da Paz Muhammad Yunus, de 83 anos, apelou à comunidade internacional para que fizesse o possível para acabar com a violência.

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