Os atletas continuam desembarcando em Paris, as delegações designam os seus porta-bandeiras e o Comitê Olímpico Internacional (COI) inicia a sua tradicional sessão antes do início dos Jogos Olímpicos nesta terça-feira (23), três dias antes da esperada cerimônia de abertura de Paris-2024. 

O rio Sena será o epicentro do mundo na sexta-feira (26), com 300 mil espectadores no local para saudar os barcos que transportarão milhares de atletas em um desfile inédito, na primeira cerimônia de abertura olímpica fora de um estádio, o que exige um dispositivo de segurança excepcional. 

Enquanto se espera pelo 'Dia D', um silêncio inusitado instalou-se na rua Rivoli, em torno da pirâmide do Louvre e do jardim das Tulherias, no coração turístico da capital francesa. Em vez da enxurrada de moradores e turistas, os policiais e as barreiras metálicas são os protagonistas em algumas das áreas mais centrais. 

"Os Jogos Olímpicos bloqueiam muitas coisas", afirma Catherine Samson, que visita Paris procedente da região da Bretanha. "Tive que andar por uma hora" para chegar à Torre Eiffel, conta, visivelmente chateada.

O presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou na segunda-feira que o seu país está "pronto" para receber os 10.500 atletas e milhões de visitantes durante a quinzena olímpica. 

Três anos depois da edição de Tóquio, realizada sob rigorosas condições sanitárias devido à pandemia de covid-19, foram vendidos quase nove milhões de ingressos para esta edição dos Jogos, segundo os organizadores, que comemoram ter batido o recorde de Atlanta-1996.

- A hora da verdade -

"Agora chegou a hora da verdade: o campeonato começa, para os atletas e os organizadores", disse o presidente do COI, Thomas Bach, nesta terça-feira. "O cenário está montado, tudo está no lugar, tudo está pronto".

"Temos todos os motivos para acreditar que vamos viver momentos olímpicos inesquecíveis, mas estamos no esporte. E no esporte mal chegamos ao fim do nosso treinamento", acrescentou o dirigente alemão na abertura da 142ª sessão do COI.

Bach já elogia há algum tempo os organizadores e não para de destacar "o entusiasmo" que percebe na cidade e a beleza dos locais de competição. Os atletas já treinam em muitos deles. 

Em um contexto geopolítico marcado pelas guerras em Gaza e na Ucrânia, os responsáveis do COI certamente celebrarão terem reunido "206 comitês olímpicos nacionais", preservando a promessa de universalidade. Cerca de trinta russos e bielorrussos, individualmente e sob bandeira neutra, estarão nestes Jogos Olímpicos, enquanto os seus respectivos países permanecem excluídos.

- Pensando em 2030 e 2034 -

O COI abordou nesta terça-feira como será a etapa posterior a estes Jogos Olímpicos. Começando pelos próximos eventos Milão-Cortina d'Ampezzo em 2026 (inverno) e Los Angeles em 2028 (verão), mas também pensando nas sedes dos futuros Jogos de Inverno. 

Os de Inverno de 2030 deveriam ser nos Alpes franceses, embora a atual situação política na França, onde ainda não existe um governo em pleno funcionamento após as recentes eleições legislativas, levante questões que devem ser respondidas.

Emmanuel Macron participará na quarta-feira do congresso do COI para apoiar a candidatura dos Alpes franceses. Também esclarecerá as suas intenções após as eleições legislativas e definirá a "trégua olímpica e política" que invoca face a uma esquerda que ainda exige governar apesar das suas divisões e a uma direita que oferece um acordo mínimo. 

Com menos dúvidas, apresenta-se o caso de 2034, com Salt Lake City, capital do estado de Utah e que já organizou os Jogos de Inverno em 2002, aguardando a sua designação oficial.

A cerimônia de abertura de sexta-feira será certamente um bom momento para negociações entre chefes de Estado e de Governo.

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