O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, criticou, nesta quarta-feira (24), a decisão da Tesla de adiar a construção de uma fábrica de carros elétricos no país à espera do resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

"Isso, na verdade, não é sério", disse López Obrador à imprensa, ao ressaltar que o anúncio do bilionário Elon Musk foi motivado pela advertência do candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, de suspender nos Estados Unidos a venda de carros montados no México se vencer as eleições.

O presidente esquerdista acrescentou que não convém ao país vizinho, principal parceiro comercial do México, fabricar seus próprios veículos porque os custos de produção são altos demais.

Na terça-feira, Musk, que apoia Trump firmemente, admitiu que uma vitória do republicano poderia afetar um plano, anunciado em março de 2023, de construir uma "megafábrica" no México, pois o candidato prometeu tarifas alfandegárias "fortes" aos produtos mexicanos.

"Acho que precisamos ver como ficam as coisas depois das eleições", afirmou Musk, ao reportar uma forte queda nos lucros da Tesla no segundo trimestre, devido ao impacto da queda dos preços dos veículos elétricos, enquanto a empresa gastava agressivamente na condução autônoma e outras tecnologias.

A construção da fábrica, perto da cidade de Monterrey (nordeste), prevê um investimento de cinco bilhões dólares (R$ 28 bilhões, na cotação atual), mas o projeto não avançou.

López Obrador, que concluirá seu mandato no próximo 1º de outubro e considera Trump seu "amigo", não descartou que por trás do anúncio de Musk haja uma intenção especulativa.

"Eles devem ter outro plano de negócio ou já fizeram o negócio porque estas empresas que muitas vezes também não produzem, mas especulam, divulgam uma notícia e se saem muito bem nas bolsas de valores, aumentam o preço de suas ações e a produção passa para o segundo plano", observou.

O presidente mexicano também observou que as advertências de Trump devem ser entendidas no contexto eleitoral, pois "nas campanhas há muita paixão, muita retórica (...) e, quando as eleições passam, é outra coisa".

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