Pelo menos 15 pessoas morreram e dezenas foram dadas como desaparecidas após o naufrágio na segunda-feira de uma embarcação cheia de migrantes ao largo da costa da capital da Mauritânia, informaram nesta quarta-feira (24) a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e fontes locais.

"Estamos profundamente tristes pela morte de 15 migrantes" e pelo desaparecimento de dezenas deles no mar após o naufrágio de um barco em Nouakchott, indicou a OIM na rede social X.

Um alto funcionário da guarda costeira mauritana afirmou à AFP, sob condição de anonimato, que pelo menos 25 corpos foram recuperados, 103 pessoas foram resgatadas e várias dezenas ainda estavam desaparecidas.

Segundo a OIM, cerca de 300 pessoas embarcaram em uma canoa na Gâmbia e passaram sete dias no mar antes de a embarcação naufragar perto de Nouakchott em 22 de julho. No total, 120 pessoas foram resgatadas pela guarda costeira mauritana, de acordo com o comunicado.

Entre os sobreviventes, 10 pessoas foram hospitalizadas com urgência e quatro menores desacompanhados e separados de suas famílias durante o naufrágio foram identificados, acrescentou a organização.

O funcionário da guarda costeira mauritana mencionou que entre 140 e 180 pessoas viajavam na canoa, a maioria senegaleses e gambianos. A embarcação se quebrou no meio do mar e o capitão fugiu, acrescentou.

- Destino: Ilhas Canárias -

É a mais recente tragédia deste tipo até a presente data, na rota migratória do Atlântico, cujo principal destino são as Ilhas Canárias, um arquipélago espanhol próximo ao noroeste da África e porta de entrada para a Europa.

No início de julho, cerca de 90 migrantes morreram em um naufrágio ao largo da costa sudoeste da Mauritânia em sua jornada para a Europa. Outras dezenas de pessoas nunca foram encontradas.

Milhares de africanos fogem da pobreza, desemprego e falta de perspectivas econômicas e se arriscam nessa rota migratória perigosa. Em troca de grandes quantidades de dinheiro, eles embarcam clandestinamente em canoas ou em barcos precários que podem transportar dezenas de passageiros.

São necessários vários dias de navegação para percorrer as centenas de quilômetros que separam as costas africanas das Ilhas Canárias, em condições terríveis, como relatam os sobreviventes, à mercê da fome e da sede, do clima e das falhas mecânicas.

Mais de 19.700 migrantes chegaram ilegalmente às Canárias por essa rota entre 1º de janeiro e 15 de julho de 2024, um aumento de 160% em comparação com 2023, quando foram registrados 7.590 migrantes, segundo dados da OIM.

Outras travessias da África subsaariana para a Europa passam pelo interior, cruzando o deserto em direção às costas do Mediterrâneo.

Mais de 5.000 migrantes morreram nos primeiros cinco meses de 2024 na tentativa de chegar à costa espanhola, a maioria pela rota das Canárias, informa a ONG espanhola Caminando Fronteras.

Em maio, pelo menos 26 migrantes que partiram da Guiné morreram ao largo da costa do Senegal. Outras 26 pessoas perderam a vida em fevereiro, também no litoral senegalês.

Estas cifras, no entanto, estão longe de refletir a verdadeira dimensão dos fatos, uma vez que o número de passageiros que parte é difícil de ser determinado.

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