Os resultados decepcionantes de Tesla e Alphabet fizeram as ações tecnológicas despencarem na Bolsa de Valores de Nova York nesta quarta-feira (24), diante do temor dos investidores de uma desaceleração do setor.
O índice Nasdaq, que reúne a maioria das grandes empresas tecnológicas, despencou 3,64%, enquanto o Dow Jones recuou 1,25% e o índice ampliado S&P 500, 2,31%. Nesse sentido, o Nasdaq viveu seu pior dia na Bolsa desde setembro de 2022.
"Os investidores estão preocupados, pois as ações das gigantes tecnológicas puxaram o mercado para cima durante a primeira metade do ano", comentou Sam Stovall, da consultoria de investimentos CFRA.
"Mas para os resultados do segundo trimestre o sarrafo estava tão alto que já tivemos duas decepções", acrescentou o analista.
A Tesla (-12,33%) registrou lucro muito inferior às expectativas, reduzido pelos custos de reestruturação vinculados a uma onda de demissões, mas também afetado pela guerra de preços entre os fabricantes de veículos elétricos.
Garrett Nelson, da CFRA, rebaixou sua recomendação sobre as ações da companhia, ao considerar que o grupo carece de catalizadores no curto prazo.
A Tesla acabou arrastando consigo outras fabricantes de veículos elétricos, como Rivian (-7,03%), Lucid (-5,61%) e a chinesa Zeekr (-7,73%), que é cotada em Nova York.
Já a Alphabet (-5,03%) superou as expectativas em todos os âmbitos, com exceção da plataforma de vídeos YouTube, cujas receitas publicitárias não atingiram a meta.
Diante desses números, houve "um movimento geral para reduzir a exposição [ao setor tecnológico], justificado pela ideia de que essas ações progrediram enormemente em um curto espaço de tempo", assinalou Patrick O'Hare, do site Briefing.com.
Esse "tsunami" derrubou quase todo o setor de semicondutores, desde Nvidia (-6,80%) até Broadcom (-7,59%), passando por Qualcomm (-6,35%), AMD (-6,08%) e Intel (-3,79%).
"Os investidores se perguntam se isso é apenas o começo de uma série" de maus resultados, segundo Stovall.
Os outros colossos da nova economia, Amazon (-2,99%), Microsoft (-3,59%), Apple (-2,88%) e Meta (-5,61%), que tampouco se salvaram nesta quarta, não vão divulgar seus resultados antes da próxima semana.
O índice VIX, que mede a volatilidade do mercado, disparou 22%, um sinal de nervosismo em Nova York.
"É um castigo para o mercado e os investidores estão vendendo ativos de risco para trocar por investimentos mais seguros e entrando em hibernação", comentou em uma nota José Torres, da corretora Interactive Brokers.
Além do setor tecnológico, os chamados papéis cíclicos, ou seja, os considerados sensíveis à economia, também sofreram: a fabricante de máquinas de construção Caterpillar caiu 2,36%, assim como a rede de bricolagem Home Depot (-2,59%) e a empresa de artigos esportivos Nike (-3,15%).
Outro motivo de preocupação foi a operadora de cartões de crédito Visa (-4,01%), que não alcançou as previsões dos analistas em volume de negócios.
Nesta quarta, foram poucos os papéis apreciados pelo mercado, que também vendeu títulos do Tesouro, apesar de serem considerados um dos investimentos mais seguros.
O rendimento da dívida pública americana com vencimento em dez anos ficou em 4,28%, contra 4,25% do fechamento de ontem. Os preços desses títulos se movem na direção oposta de seus rendimentos.
Entre os poucos setores que conseguiram escapar do terremoto esteve o energético, impulsionado pela recuperação dos preços do petróleo, particularmente ExxonMobil (+1,41%) e Chevron (+0,64%).
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