A Igreja Católica de Portugal afirmou, nesta quinta-feira (25), que a indenização prevista para as vítimas de violência sexual dentro da instituição será paga "de forma proporcional à gravidade" dos abusos. 

Em abril, a Igreja prometeu indenizar as vítimas de abusos após a publicação de um relatório que concluiu que pelo menos 4.815 menores foram abusados por clérigos desde 1950. 

Além das crianças, o relatório publicado em fevereiro de 2023 constatou que adultos vulneráveis e em risco também foram vítimas de abusos dentro da igreja em Portugal, que encobriu os crimes. 

A Conferência Episcopal Portuguesa, que nesta quinta-feira estabeleceu as condições sob as quais milhares de vítimas poderiam pedir indenização, disse que estas reparações não são apenas "simbólicas". 

A indenização financeira não se destina a "apagar o que não pode ser apagado", mas "deve ser proporcional à gravidade dos danos sofridos pelas vítimas", afirmou a Conferência Episcopal em comunicado.

Os pedidos de indenização devem ser apresentados antes do final de dezembro de 2024. 

As indenizações serão pagas a partir de um fundo criado pela conferência para esse fim, que será financiado "de forma solidária" por todas as dioceses do país. Ainda não está claro quantas pessoas irão procurar o serviço, uma vez que muitas das vítimas já morreram. 

Portugal é um dos países afetados pelos escândalos de abusos eclesiásticos nos últimos anos. Durante uma visita a Lisboa em agosto passado, o papa Francisco se reuniu com 13 vítimas de pedofilia.

O relatório do ano passado, encomendado pela Igreja, mas realizado por especialistas independentes, concluiu que a hierarquia da Igreja encobria "sistematicamente" a violência sexual. 

A comissão independente recolheu mais de 500 depoimentos em um país onde 80% da população de 10 milhões de habitantes se identifica como católica. Após a sua publicação, os líderes da Igreja pediram desculpas às vítimas, reconhecendo que era necessário "mudar a cultura da Igreja". 

A conferência episcopal afirmou que, desde 2021, a Igreja implementou novas medidas para prevenir novos casos de violência sexual e aumentou a sua colaboração com as autoridades neste tema.

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