Dezenas de milhares de passageiros sofreram, neste sábado (27), um segundo dia de perturbações na circulação dos trens de alta velocidade (TGV) na França, causadas por uma sabotagem cometida horas antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. A polícia segue investigando o caso.
Na madrugada de sexta-feira, os cabos de fibra ótica próximos às vias, que asseguram a transmissão de informações de segurança aos condutores, foram cortados e incendiados em vários pontos da rede.
Uma fonte próxima da investigação do caso, aberto pelo Ministério Público de Paris, disse se tratar de uma operação “bem preparada”, organizada por “uma mesma estrutura”.
O ataque ocorreu horas antes da cerimônia de abertura de Paris-2024, justamente no momento em que muitos viajantes estavam a caminho ou planejando ir à capital.
Entretanto, “todo o transporte de equipamento e pessoal credenciados” para os Jogos foi garantido, informou a companhia nacional de ferrovias francesa SNCF.
- "As competições não vão esperar por nós" -
Nas estações, os viajantes pareciam calmos neste sábado, mas os que tinham que fazer conexões estavam preocupados.
Em Bordéus, sudoeste do país, Bruno Cévalier e Pauline Favard precisavam chegar o mais rápido possível à estação de Lille, no norte da França, para assistir aos jogos de basquete das Olimpíadas.
“Esperamos chegar a tempo para fazer baldeação em Paris. As competições não vão esperar por nós, mas chegaremos”, disseram enquanto corriam até a revisora de bilhetes.
Após a sabotagem que atrapalhou as linhas de trens de alta velocidade, a SNCF afirmou que a rede voltará a funcionar normalmente na próxima segunda-feira, graças ao trabalho de cem agentes mobilizados dia e noite para reparar os estragos.
Os agentes encarregados da rede “trabalharam a noite toda em condições difíceis, em baixo de chuva”, declarou a empresa.
Embora a situação tenha melhorado, o tráfego continuava afetado no sábado. Em média, sete trens TGV em cada dez circulavam em três eixos importantes (Norte, Bretanha e Sudoeste), com atrasos de uma a duas horas, segundo a companhia ferroviária.
Durante o fim de semana, espera-se que 600 mil pessoas possam viajar, de um total de 800 mil passageiros afetados pelo incidente, de acordo com as previsões da SNCF.
O ministro dos Transportes, Patrice Vergriete, disse que não havia “alerta” para possíveis ameaças antes da sabotagem, mas que o “alerta máximo” permaneceria em vigor até “novo aviso”, com mil agentes da SNCF mobilizados, bem como drones da gendarmaria para monitorar as vias férreas.
“Tudo será restabelecido na segunda-feira pela manhã”, assegurou o presidente executivo da SNCF, Jean-Pierre Farandou.
O Ministério Público de Paris abriu uma investigação por danos materiais que afetam os interesses fundamentais da nação, prejuízos ao sistema de funcionamento automático de dados e associação para cometer um crime.
“Recuperamos um certo número de elementos que nos levam a crer que saberemos rapidamente quem é o responsável”, disse o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, ao canal France 2.
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