Uma lei que proíbe a maioria dos abortos depois das seis semanas de gravidez entrou em vigor nesta segunda-feira (29) em Iowa, no nordeste dos Estados Unidos, ampliando desta forma a lista de estados que restringiram ou proibiram esse direito. 

Essa legislação é possível no país, porque há pouco mais de dois anos a Suprema Corte, reformada durante o mandato do presidente republicano Donald Trump, revogou a sentença que garantia o direito federal das americanas a abortar e deixou que cada estado legislasse sobre a matéria. 

A norma de Iowa proíbe a maioria dos abortos após a detecção de um batimento do coração, geralmente por volta das seis semanas de gravidez, quando muitas mulheres sequer sabem que estão grávidas. Prevê exceções em casos de estupro, incesto, risco para a vida da mãe e anomalias no desenvolvimento do feto. 

"Esta manhã, mais de 1,5 milhão de mulheres de Iowa acordaram com menos direitos que ontem à noite, devido a uma nova proibição trumpista do aborto", escreveu nesta segunda Kamala Harris, provável candidata democrata nas eleições presidenciais de novembro, que disputará contra Donald Trump. 

A vice-presidente percorreu durante meses diversos estados para defender o direito ao aborto, que se tornou um dos temas centrais da corrida pela Casa Branca. 

Em março, visitou uma clínica da poderosa organização de planejamento familiar Planned Parenthood, de acordo com a imprensa americana. 

"Em novembro, bloquearemos nas urnas as proibições extremas do aborto de Trump", acrescentou nesta segunda. 

Iowa é o 18º estado a aplicar restrições muito drásticas ao aborto ou depois das seis semanas de gravidez, segundo o Centro de Direitos Reprodutivos. 

Outros estados também adotaram limites de gestação, como 12 ou 15 semanas. 

Até agora, os abortos eram possíveis até as 20 semanas aproximadamente em Iowa, um estado que votou majoritariamente em Trump nas eleições de 2020. 

"As pacientes se verão obrigadas a viajar centenas de quilômetros, se conseguirem pagar", para ir para estados onde o aborto ainda está autorizado, lamentou Nancy Northup, presidente do Centro de Direitos Reprodutivos. 

As redes de ativistas ou os serviços de telemedicina também oferecem o envio de pílulas abortivas a todo o país, particularmente por meio de médicos localizados em estados governados por democratas que os protegem de serem processados. 

Esses comprimidos contam com a aprovação da Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) para seu uso até as 10 semanas de gravidez. 

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