Nove soldados israelenses foram detidos em uma investigação por suspeita de maus-tratos envolvendo um dos prisioneiros de um centro de detenção que abriga palestinos capturados na Faixa de Gaza desde o começo do conflito, em 7 de outubro, anunciou nesta segunda-feira (29) o Exército de Israel. 

Um porta-voz militar confirmou à AFP que nove soldados foram "presos para serem interrogados" no caso. Segundo a imprensa israelense, o prisioneiro é um palestino que supostamente foi vítima de maus-tratos no centro de detenção de Sde Teiman, localizado no deserto de Neguev, no sul de Israel. 

O porta-voz havia afirmado anteriormente que a investigação foi aberta "devido a suspeitas de maus-tratos significativos a um custodiado no centro de detenção de Sde Teiman", sem fornecer mais detalhes.

O Clube de Prisioneiros Palestinos, ONG palestina que defende os detidos por Israel, acusou os soldados de “violação”, denunciando o que chamou de “novo crime contra um detido no campo de Sde Teiman cometido por um grupo de carcereiros”, declarou à AFP seu diretor, Abdallah al Zaghar.

Ao saber da prisão dos soldados, vários israelenses, incluindo o deputado ultranacionalista Zvi Sukkot, tentaram entrar na prisão para manifestar apoio, mas foram impedidos pela polícia, segundo imagens transmitidas pela TV. Posteriormente, a TV exibiu imagens de outros manifestantes diante da base militar onde os militares detidos estavam sendo interrogados.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o comandante do Exército, general Herzi Halevi, condenaram esses protestos espontâneos. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, também criticou a manifestação, e ressaltou que "a lei se aplica a todos, mesmo nos momentos difíceis".

O centro de detenção de Sde Teiman foi criado para abrigar palestinos capturados na Faixa de Gaza após o início da guerra entre Israel e Hamas, que começou com uma incursão letal de milicianos islamitas em 7 de outubro.

A Anistia Internacional pediu a Israel no meio do mês que "cesse as detenções em massa em regime de isolamento e a tortura de pessoas palestinas de Gaza".

A ONG indicou ter recolhido depoimentos de 27 palestinos que denunciaram ter sido submetidos à "tortura e a outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes" enquanto estiveram presos.

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