Livre, relaxada e com uma bola de basquete aproveitando os Jogos Olímpicos de Paris-2024. A estrela americana Brittney Griner está de volta à Europa em busca de seu terceiro ouro, dois anos após passar 11 meses presa na Rússia.

Com um corte de cabelo diferente desde a última vez que esteve em solo europeu, a pivô de 33 anos impressiona por sua presença (2,06 metros) e carisma. Ela contribuiu com 11 pontos e nove rebotes na estreia de sua equipe, que busca o oitavo ouro consecutivo no basquete, contra o Japão (vitória por 102 a 76).

- Moeda de troca -

O cenário é muito diferente daquele fevereiro de 2022, quando jogava no Ekaterimburgo e foi presa na Rússia por portar um vaporizador e um líquido que continha cannabis, produto proibido no país. 

Griner foi condenada a nove anos de prisão, antes de ser libertada em dezembro de 2022, em uma troca de prisioneiros com o traficante de armas russo Viktor Bout.

Durante os 11 meses de prisão, ela chegou a pensar em suicídio, segundo revelou em abril em entrevista à rede americana ABC.

Antes de enfrentar o Japão em Lille, na última segunda-feira (29), a atleta nascida em Houston se mostrou em paz diante da imprensa: "Estou bem, todo mundo me pergunta por que voltei aqui após tudo que vivi, mas me sinto bem, segura na França. Só quero jogar", declarou.

Suas temporadas divididas entre a WNBA (liga americana) e a Europa não se repetirão mais.

"Tenho certeza que em algum momento viajarei de férias com minha família, mas o basquete na Europa acabou para mim. Quero passar um tempo com minha família, meu filho, não quero perder nada", afirmou.

"Nós a vemos na quadra como aquela jogadora forte e dominante, mas é ela quem tem o maior coração", disse a veterana de 42 anos Diana Taurasi, companheira de seleção americana e no Phoenix Mercury.

Desde muito cedo, Griner se destacou como um fenômeno por suas condições físicas incríveis: ela calça 54 e suas mãos são maiores que as de LeBron James.

- Destaque na comunidade LGBTQIA+ -

Em 2013, anunciou sua homossexualidade em entrevista à revista Sports Illustrated, revelando que sofreu bullying quando criança. 

"Foi difícil ser assediada porque você é diferente: ser mais alta, minha sexualidade, tudo", declarou.

Um ano depois, publicou sua autobiografia, 'In My Skin: My Life On and Off the Basketball Court': "Acho que comecei a me sentir diferente quando todos me disseram que eu era".

Griner recordou que seu pai lhe disse "você pode fazer sua mala e ir embora!", quando contou sobre sua orientação sexual.

A pivô se tornou a primeira pessoa da comunidade LGBTQIA+ da marca Nike, participando de ensaios fotográficos em que vestia roupas habitualmente criadas para homens.

Em 2020, durante os protestos históricos contra a violência policial após a morte de George Floyd, Griner foi uma das primeiras jogadoras a pedir à WNBA que parasse de tocar o hino nacional antes dos jogos.

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