O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, ordenou um ataque contra Israel como resposta à morte de Ismail Haniyeh, comandante do Hamas assassinado nesta quarta-feira (31) em Teerã. A informação é do jornal americano The New York Times.
A morte de Haniyeh, que foi alvo de um ataque aéreo atribuído a Israel realizado em plena capital iraniana, leva a região a um passo de uma guerra generalizada entre Tel Aviv e Teerã. O tamanho da retaliação do Irã deve definir se a escalada sairá de controle nos próximos dias.
Khamenei disse que Israel "fez por merecer a dura punição" que receberá, "uma obrigação do Irã". A ordem para o ataque foi dada em uma reunião do Conselho Supremo de Segurança Nacional poucas horas depois da morte de Haniyeh. O New York Times cita três autoridades iranianas falando em anonimato que teriam sido informadas sobre a ordem de Khamenei.
Irã e o Hamas acusam Israel pelo assassinato de Haniyeh, que estava em Teerã para a posse do novo presidente iraniano -durante a cerimônia, nesta terça (30), ele se sentou a poucos metros do enviado brasileiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Tel Aviv não negou nem reivindicou a morte de Haniyeh, mas o país é acusado com frequência de matar membros do governo iraniano em outros países, como cientistas nucleares e militares. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, disse nesta quarta que seu país cobrará um alto preço por qualquer agressão.
"Cidadãos de Israel, dias desafiadores estão à frente", declarou Netanyahu em um comunicado na televisão. "Desde o ataque em Beirute há ameaças vindo de todos os lados. Nós estamos preparados para qualquer cenário e ficaremos unidos e determinados ante qualquer ameaça."
O Irã realizou em abril um ataque em larga escala contra Israel como resposta à morte de um general e outras 12 pessoas na embaixada de Teerã na Síria. Usando mísseis e drones, Teerã calibrou a ação para evitar a morte de civis e uma escalada na região, e a grande maioria dos projéteis foi, de fato, interceptada.
De acordo com o New York Times, outro ataque desse tipo, tendo como alvo Tel Aviv, está sendo avaliado pelas Forças Armadas do Irã -novamente com o objetivo de responder à violação da soberania ao mesmo tempo que evita mortes de civis e uma guerra generalizada. O país também avalia colocar em ação os grupos armados que financia na região, como o Hezbollah, no Líbano, os houthis no Iêmen e o próprio Hamas na Faixa de Gaza.
O jornal americano também afirma que o governo do Irã considerou a morte de Haniyeh, para além de um recado da capacidade de Israel de agir contra seus inimigos, uma falha grave de segurança de Teerã -o líder do Hamas foi morto em um local considerado altamente seguro pelas Forças Armadas iranianas.